Cidades

"Dói não saber se ele está vivo", diz mãe de viciado em crack

Ela gastou mais de R$ 90 mil com tratamentos para o filho, dependente químico desde o ensino médio. O jovem mora hoje na rua, perambula pelo Setor Comercial Sul e raramente aparece em casa

postado em 27/02/2014 06:00
Um aparelho de tevê de 42;;, uma coleção de relógios, um porta-joias vazio. Essa é parte do prejuízo causado pelo vício do filho único de Cíntia*, 46 anos. ;Fico triste ao perceber que ele não respeita nem a mim nem a nossa casa, mas o que dói mesmo é não saber onde o Paulo* está, se está vivo;, resume a mãe. O olhar perdido parece buscar na memória o tempo em que a vida do garoto alegre tinha como foco as aulas de artes marciais e os shows de axé. Há cinco anos, a decoradora não podia imaginar que o destino dele daria uma guinada radical.

Paulo tinha 17 anos quando conheceu um novo grupo de amigos e começou a fumar maconha. À época, cursava o 2; ano do ensino médio em uma escola particular da Asa Norte. ;Ele chegava em casa muito risonho. Estava sempre distraído e com fome;, lembra. Enquanto as mudanças envolviam apenas o humor e o aumento de apetite do filho, a mãe não se preocupou. A primeira suspeita de que algo estava errado aconteceu quando a mesada de Paulo ; R$ 300 ; passou a durar menos de duas semanas. ;Ele nunca foi de me pedir dinheiro. Costumava administrar bem a quantia que eu dava;, explica Cíntia.

Para driblar a desconfiança materna, o estudante dava desculpas. Dizia que havia emprestado a um amigo ou comprado um presente para alguma namorada. Perto de concluir o ensino médio, o comportamento de Paulo também chamou a atenção dos professores. Antes envolvido com as atividades escolares, em especial as esportivas, o rapaz não demonstrava mais interesse pelas aulas. Em conversa com a diretora do colégio, assustou-se ao saber que ele estava prestes a perder o ano por causa do elevado número de faltas e do rendimento baixo. ;Fiquei arrasada, trabalhava duro para mantê-lo em uma boa escola, pagar academia, viagens de férias; Quando cheguei em casa, ele acabou confessando que estava viciado em cocaína e que ainda não conseguia ficar um dia sem beber.;

Chocada e sem saber como agir, ela conversou com amigos e familiares em busca de conselhos e resolveu dar uma chance ao filho. Para alívio da mãe, Paulo passou de ano, arrumou uma namorada, ficou mais caseiro e começou a estudar para o vestibular. Queria ser professor de educação física. Aos poucos, porém, retomou os antigos hábitos. Voltou a sair com os amigos, chegar de madrugada e dormir até o meio-dia. ;Um dia, enquanto separava a roupa para colocar na máquina de lavar, encontrei um pacote de cocaína no bolso dele. Quis morrer.; A descoberta motivou uma violenta discussão com Paulo e a decisão de mandá-lo para uma clínica.

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