postado em 07/03/2014 06:04
Uma espécie de borboleta que habita o cerrado e pode ser comumente encontrada nos parques e céus de Brasília mostrou que, para enfrentar as extremas condições da seca na região, é preciso criar e recriar estratégias de sobrevivência. Diante da baixa umidade e das altas temperaturas, as lagartas do girassol, que posteriormente se transformam em borboletas de cor preta e laranja, entram em um processo de hibernação, conhecido pelos pesquisadores como diapausa. O mais interessante da espécie com nome científico de Chlosyne lacinia é que ela passa 220 dias quieta e sem se alimentar. Quando não entra no processo de diapausa, sobrevive apenas por volta de 35 dias. A lagarta foi analisada por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) ; uma das únicas no mundo a estudar os aspectos metabólicos do inseto durante o processo de hibernação em zona tropical.
A lagarta do girassol tem o mesmo ciclo de vida das outras ; ovo, larva, pupa e borboleta. Mas, quando exposta a condições adversas do clima, passa 220 dias adormecida. Só desperta para o estágio seguinte do desenvolvimento no momento em que o ambiente volta a ser favorável, isto é, com abundância da planta para a espécie se alimentar e depositar os ovos. Ao longo da ;soneca;, o animal evita ao máximo o gasto de energia. Característica muito conhecida dos ursos polares, por exemplo.
Não se sabe ainda quais fatores ambientais induzem o início do processo de diapausa do bicho. O pesquisador Daniel Carneiro Moreira, responsável pela análise do inseto, explica que os animais do hemisfério Norte, de maneira oposta, usam o encurtamento dos dias para entender que o inverno se aproxima e podem, com isso, se preparar com antecedência para o período de clima hostil. No entanto, em zonas tropicais, o tempo menor não é marcante e não pode ser percebido com facilidade pelos animais. ;Acreditamos que seja a queda da umidade o principal indutor e a principal condição hostil, no caso das lagartas do girassol;, afirma o pesquisador.
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