postado em 08/03/2014 06:00
Um empreendimento habitacional do GDF pode acabar com pesquisas da Embrapa Cerrados. Anunciado no fim do mês passado, o Residencial Planaltina Parque, às margens da BR-020, terá 4.896 apartamentos em uma área de 90 hectares onde são desenvolvidos trabalhos para aumentar a qualidade da carne bovina comercializada no país e no exterior. Além disso, projetos de melhorias do bioma e de correção da acidez do solo para a agricultura podem ser interrompidos, perdidos ou até extintos. Diante desse quadro, os 430 empregados da unidade assinaram um manifesto contra a construção.
No documento, pesquisadores lamentam a mudança da destinação da área e consideram a instalação do setor habitacional o ;início do fim da Embrapa Cerrados;. Segundo o manifesto, ;dificilmente, os experimentos de campo resistirão à pressão causada por uma vizinhança estimada em 20 mil pessoas;. Há ainda a preocupação sobre o repasse de outra área da instituição para uma cooperativa de catadores de lixo e para a construção de quadras poliesportivas.
Diretamente afetado pela instalação do conjunto de moradias populares, o pesquisador da Embrapa Cláudio Ulhôa Magnabosco se mostra indignado ao constatar que 15 anos de estudos e mais de R$ 7 milhões em investimentos serão perdidos. ;Desenvolvo um programa único no mundo de Seleção Genética de Bovinos Nelore Mocho no bioma cerrado, que tem como principal característica a qualidade da carne. Teremos uma perda inestimável de material genético;, afirma. No local onde será erguido o setor habitacional, ele conduz ainda o teste de desempenho de touros em integração com a lavoura e a pecuária.
Orientação
Magnabosco conta que a Embrapa ofereceu outra área para a construção do empreendimento, mas o GDF não aceitou a proposta. Em nota, a empresa orientou a direção a manter os trabalhos de pesquisa, como ocorre há mais de 30 anos. O entendimento é de que a ruptura no processo de coleta de informações acarretaria em perdas para a pesquisa nacional.
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