Cidades

Após 120 anos, Missão Cruls ganha livro que detalha os traçados do DF

Obra detalha a primeira expedição a demarcar um quadrilátero para a construção de Brasília. Também descreve o cenário político, a geografia da região no século 19 e os povos indígenas do Planalto Central

Renato Alves
postado em 10/03/2014 06:02 / atualizado em 05/10/2020 15:04

Os integrantes da Missão Cruls demarcaram 14,4 mil quilômetros quadrados na futura capital federal: Planalto Central explorado entre 1892 e 1894

Esqueça os arquitetos e os urbanistas modernistas. O Distrito Federal começou a ser traçado muito antes do início da sua construção, no fim dos anos 1950. Sobre lombo de burro, cumprindo missão determinada pelo governo brasileiro, europeus cruzaram o Planalto Central de 1892 a 1894 para estudar a região e definir a área onde seria construída a futura capital. Eles registraram tudo o que havia nessas terras. Os aventureiros deixaram como herança mapas, relatórios e fotografias. Agora, 120 anos depois da conclusão do trabalho, a aventura ganha o primeiro livro, à venda em todo o país até o fim do mês.

Composta por 21 pessoas, a Comissão Exploradora do Planalto Central ficou mais conhecida como Missão Cruls por causa do seu líder, o astrônomo e geógrafo belga Louis Ferdinand Cruls. Ele demarcou uma área de 14,4 mil quilômetros quadrados, considerada adequada para a futura capital e batizada de Quadrilátero Cruls. Todos os detalhes da expedição estão no Relatório Cruls, produzido em 1894. O documento serviu de base para o livro Cruls: histórias e andanças do cientista que inspirou JK a fazer Brasília, do jornalista e ambientalista Jaime Sautchuk. Ele recorreu a outras publicações que citam a missão e, em uma linguagem simples e direta, contextualiza um bom quinhão da história do Brasil.



Além da jornada de Cruls, Sautchuk relata em sua obra o que havia na Região Centro-Oeste antes da chegada da expedição. Recorrendo ao legado de pesquisadores como Paulo Bertran, um dos maiores historiadores do Brasil Central, o escritor descreve as riquezas da flora, da fauna, das águas, além da presença humana, desde os indígenas. Sautchuk também mostra a forma como Portugal estendeu as fronteiras de sua colônia no Centro-Oeste, os feitos de outros viajantes — bandeirantes, aventureiros e cientistas — e os impactos do fim do Império na região. Dessa forma, o autor destaca os reais objetivos de Anhanguera II, o ciclo do ouro, as pesquisas científicas, as guerras e a chegada do boi.

A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação