Cidades

Pais ignoram lei e dispensam o uso da cadeirinha em recém-nascido

O Correio flagrou infrações na porta dos hospitais e constatou que a desculpa mais comum é o desconhecimento das regras

Adriana Bernardes
postado em 16/03/2014 08:03
Na saída da maternidade, com o filho recém-nascido nos braços, a expressão nos rostos dos familiares é sempre a mesma: de felicidade plena. Mas, no caminho para casa, recém-nascidos são expostos a um risco extremo. Seguem de carro no colo dos pais, sem o bebê conforto. A insegurança se repete na porta dos hospitais com crianças de todas as idades, não somente com as que acabaram de nascer.

Na última semana, o Correio percorreu hospitais no Plano Piloto, em Ceilândia e em Taguatinga. Em todos, flagrou a irregularidade que pode custar a vida. Somente no Hospital Materno Infantil (Hmib), na Asa Sul, a reportagem acompanhou a saída de seis casais com crianças de colo. Apenas dois deles transportaram os filhos no bebê conforto. Um homem e uma mulher que não quiseram se identificar levavam a filha de 4 meses no colo. Perguntados sobre o equipamento de segurança, o homem disse, primeiramente, que estava em casa. Depois, admitiu que não tinha.



Diretor do Instituto de Segurança no Trânsito, David Duarte Lima alerta para a vulnerabilidade das dos pequenos transportados sem os equipamentos adequados. ;A musculatura da região do pescoço do bebê não é bem desenvolvida. Qualquer freada brusca ou uma pequena batida podem provocar lesões irreversíveis porque a cabeça, proporcionalmente maior que o corpo, balança violentamente;, explica. Além disso, ele afirma que uma colisão a 20km/h pode ser fatal para o recém-nascido. ;Em países desenvolvidos, os pais não saem da maternidade se não tiverem o bebê conforto. Em casos extremos, a unidade de saúde empresta o equipamento por cinco dias, uma semana;, diz.

Graciano e Thaiani, com o filho Rafael, alegam que, devido à urgência, não deu tempo de colocar a cadeirinha

Pressa

No Hospital Regional de Ceilândia, o autônomo Graciano Costa, 26, esperava do lado de fora a mulher dele, a professora Thaiani Félix, 24. No colo, o filho Rafael, de 5 meses. No carro, mais duas crianças: a filha Mariana, 3 anos, e o afilhado, Pedro (nome fictício), de 4 anos. Somente Mariana era transportada na cadeirinha. Abordado pela reportagem, ele assegurou que tem o bebê conforto, mas o deixou em casa, pois saiu com muita pressa. ;Meu sogro foi atropelado há um mês e fez a cirurgia hoje (quinta-feira). Ele saiu do centro cirúrgico e não tinha uma peça de roupa aqui para ele usar. Corremos para trazer tudo a tempo;, explicou.

Thaiani entrou no carro e sentou-se no banco da frente com o caçula no colo. ;Fiquei agoniada de sair sem a cadeirinha. Já presenciei um acidente entre um veículo de passeio e um caminhão em que a mulher saiu desesperada com o filho pequeno no colo. O que você está vendo é uma exceção;, garante.


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