Das duas acepções da palavra sedentarismo, nenhuma se aplica à vida dos circenses. De cidade em cidade, eles constroem uma carreira em que o corpo é o instrumento de trabalho. Contorcionistas, equilibristas, mágicos e palhaços utilizam braços, pernas e expressões faciais para conquistar sorrisos do público. No picadeiro, gerações de artistas desfilam a arte que aprenderam com pais e avós. Aos filhos e netos, repassam a habilidade de encantar, desenvolvida à custa de muito esforço e alguns percalços. O amor pelo que fazem os estimula a seguir viagem, apesar das estradas ruins, da chuva torrencial e, muitas vezes, do aperto financeiro.
Na primeira vez que Cleiton Pereira da Silva, 29 anos, pisou o picadeiro, ele estava ao lado do avô, mágico. Com apenas 3 anos, o hoje palhaço Furreca participou de um número que revelaria a área que abraçaria. ;A primeira coisa que toda criança aprende a ser é palhaço. Eu permaneci por causa da alegria que esta roupa traz às pessoas, principalmente aos mais novos;, explica. ;Eu subi ao palco chorando. Depois, me acostumei e adquiri gosto;, lembra. Silva renova as apresentações periodicamente. ;Tem que se atualizar, porque circo é um mercado e a gente não pode ficar para trás;, destaca.
De olho nas músicas mais atuais, Luciano José Eguino, 16 anos, o palhaço Formiguinha, monta seu espetáculo. Trechos de Lepo-Lepo, do grupo Psirico, de Show das Poderosas, da funkeira Anitta, e de canções do sertanejo universitário ilustram a clássica esquete em que o palhaço é um funcionário que deixa de fazer seu trabalho para dançar e cantar tudo o que toca no rádio. O patrão exige o silêncio, e a cena se desenrola com o embate entre música e silêncio.
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