Cidades

Suspeito de matar pofessora já tentou incendiar casa de uma das ex-mulheres

Luiz Carlos tem passagens que incluem agressões a ex-mulheres, ameaças a parentes. Em depoimento, amiga conta que professora temia pela vida

Renato Alves
postado em 01/04/2014 12:40
Familiares de Márcia fazem manifestação pedindo uma resposta das autoridades: pode haver mais um envolvido no crime, além do suspeito principal

Injúria, ameaça de morte, dano ao patrimônio, incêndio, lesão corporal, violência doméstica. Esses são alguns dos crimes imputados a Luiz Carlos Coelho Penna Teixeira, preso na sexta-feira durante investigação do desaparecimento da professora Márcia Regina Lopes, 56 anos. Antes de ser acusado de matar e ocultar o corpo da docente, sumida desde 9 de março, ele já respondia a ao menos nove ações criminais. Entre as vítimas, duas ex-mulheres, o irmão e até o pai. Todos agredidos e ameaçados de morte pelo homem de 41 anos, morador do Guará 2 e estudante de direito. Há seis meses, em um caso de agressão, os advogados dele alegaram à Justiça insanidade mental em favor do cliente. O juiz mandou fazer exames no réu. Até ontem, não se sabia do resultado dos testes.

[SAIBAMAIS]O Correio teve acesso a nove ocorrências da Polícia Civil do Distrito Federal em que Luiz Carlos aparece como acusado. Elas trazem relatos de um homem agressivo, capaz de bater em mulheres na frente de crianças, de mantê-las trancadas em casa com os filhos e até de atear fogo ao imóvel de uma delas. Em todos os casos de agressão, a perícia do Instituto de Medicina Legal atestou o ferimento. Apesar do histórico e das provas, o homem se mantinha livre. Em alguns casos, ele assinou termos circunstanciados, acordos em que se comprometia a seguir uma série de regras. Mas nem a ordem judicial o conteve.


Há um ano, o único suspeito de envolvimento no sumiço de Márcia Regina ; que a polícia e a família dão como morta ; quebrou uma medida protetiva, imposta pela Justiça, ao telefonar e deixar mensagens criminosas a uma das mulheres espancadas e que teve a casa incendiada pelo ex-marido. Um mês antes, a manicure, com 25 anos à época, decidiu terminar o relacionamento após descobrir uma traição dele. A resposta foi um soco no rosto da mulher. Na ocorrência número 1.458, registrada na 4; Delegacia de Polícia (Guará), em 9 de fevereiro de 2013, a vítima relatou ter deixado a residência mais cedo com as filhas, de 2 e 4 anos, para buscar abrigo na casa da sogra, após apanhar de Luiz Carlos, o pai das crianças.

Perseguição


No dia seguinte, por medo, ela se mudou com as meninas para o interior de Minas Gerais. A partir de então, passou a receber telefonemas e mensagens no celular e em sua página em uma rede social, com ameaças de morte assinadas por Luiz Carlos. A mulher, que já havia conseguido no 1; Juizado de Violência Doméstica do DF uma medida protetiva, voltou a denunciar o ex-marido na 4; DP, em 3 de abril de 2013. Antes, a mesma mulher, então com 22 anos, já havia registrado queixa contra Luiz Carlos, em 28 de março de 2010, na Delegacia de Especial de Atendimento à Mulher (Deam). Mas, na época, por pressão dele, retirou a queixa e voltou a morar com Luiz Carlos.

No fim da tarde de 28 de março de 2010, a vítima ainda voltou a casa para buscar a filha, então com 1 ano e 2 meses, na companhia de dois irmãos de Luiz Carlos. Mas o homem, nervoso, partiu para cima dela com uma faca na mão. Só não a feriu porque um dos irmãos o segurou.

Antes desse relacionamento, Luiz Carlos foi casado por 13 anos com uma secretária. Em outubro de 2005, ela procurou a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) para denunciar o marido, então com 32 anos. Na oportunidade, contou ter sido agredida diversas vezes, tendo inclusive o denunciado na mesma unidade policial e pedido a retirada da queixa depois. Mas, em 6 de outubro de 2005, ele avançou para cima dela, quebrou um prato na cabeça da mulher e ainda desferiu tapas, socos e chutes nela. Por fim, ameaçou matá-la a tesouradas quando ela dormisse.

Separada de Luiz Carlos, a secretária voltou à Deam em 23 de maio de 2006, novamente para denunciá-lo. Ela contou que, por não aceitar a separação, o homem sempre a procurava e a ameaçava. Até que, no fim da tarde de 22 de maio de 2006, ela caminhava no Parque da Cidade com uma amiga quando Luiz Carlos a segurou e a arrastou para o carro dele. Dirigiu até um estacionamento do parque e ameaçou matá-la ali caso ela não reatasse o casamento. Um policial civil, acionado pela colega da vítima, ligou para Luiz Carlos e disse que ia prendê-lo. Ele largou a ex-mulher na W3 Sul.

Já divorciada de Luiz Carlos, a secretária registrou uma ocorrência contra ele na 10;DP (Lago Sul), em 18 de setembro de 2006. Aos policiais, ela relatou que, dois dias antes, bêbado, Luiz Carlos foi até o trabalho dela. Com medo de alguma atitude dele que poderia pôr em risco o seu emprego, a mulher o convenceu a irem ao Gilberto Salomão para lancharem e conversarem. Mas, antes que ela descesse do carro, ele veio para cima e começou a dar socos, puxões de cabelo e pontapés. As agressões persistiram por uma hora, ao ponto de ela ter que ser levada ao Hospital Daher, onde ficou internada.

Pais e irmão


Contra Luiz Carlos, também há queixa criminal de um irmão dele. Então com 32 anos, o homem registrou ocorrência na 4;DP por ameaça de morte, em 11 de janeiro de 2007. Em depoimento, ele contou que mandou o irmão parar de agredir verbalmente os pais. ;Vem aqui fora, vamos resolver aqui fora;, disse Luiz Carlos, já em frente de casa, com a mão na cintura, insinuado estar armado, segundo o irmão.

Um ano antes, o pai de Luiz Carlos denunciara o filho também por ameaça de morte. O homem, então com 55 anos, contou aos agentes da 4;DP que tudo começou quando Luiz Carlos discutia alto com a mãe. O pai decidiu intervir e bater no filho. Depois disso, veio a ameaça: ;Eu vou te matar;. Em depoimento, Luiz Carlos confirmou os xingamentos à mãe e agressão do pai, mas negou a ameaça.

Histórico criminal

Luiz Carlos tem passagens que incluem agressões a ex-mulheres, ameaças a parentes. Em depoimento, amiga conta que professora temia pela vida

7 de outubro de 2005
Quebrou um prato na cabeça da mulher, uma secretária de 39 anos, moradora do Guará, desferiu tapas, socos e chutes nela. Por fim, a ameaçou matá-la a tesouradas, quando dormisse.

3 de abril de 2006
Levado por uma equipe da PM à
4; DP, o pai de Luiz Carlos, de 55 anos contou aos agentes que interveio em uma discussão do filho com a mãe. Segundo dele, o suspeito o teria ameaçado de morte.

23 de maio de 2006
Separada de Luiz Carlos, a secretária procura a Deam novamente para denunciá-lo. Ela conta, por não aceitar a separação, o homem sempre a procurava e a ameaçava.

18 de setembro de 2006
Divorciada de Luiz Carlos, a secretária registra ocorrência contra ele na 10; DP (Lago Sul). Bêbado, Luiz Carlos foi até o trabalho dela e a agrediu. Ela teve que ser levada para um hospital.

11 de janeiro de 2007
Um irmão de Luiz Carlos Coelho Penna Teixeira procura a 4; DP e o denuncia por ameaça de morte. Tudo porque o denunciante teria mandado o irmão parar de agredir verbalmente os pais.

26 de setembro de 2007
Aos 19 anos, uma estudante procura a
4; DP para denunciar o marido, Luiz Carlos, por lesão corporal. Deu um soco na boca dela, além de lhe puxar os cabelos. Dias depois, ela retirou a queixa.

28 de março de 2010
Agora com 22 anos e como operadora, a mulher procura a Deam e diz que apanhou de Luiz Carlos em diversas ocasiões. Na manhã daquele dia, ele a espancou e a estuprou.

9 de fevereiro de 2013
Na QE 34 do Guará 2, uma manicure de 26 anos, contou que havia apanhado do marido e fugido com as filhas. Ela ainda o acusou por incendiar a casa dela.

3 de abril de 2013
Morando no interior de Minas Gerais, para onde se mudou com medo do ex-marido, a manicure denuncia à 4;DP que vive recebendo ameaças de Luiz Carlos por telefone e mensagens.

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