Cidades

Editorial: apenas duas sessões foram realizadas na CLDF este ano

É fácil entender a produção pífia da Câmara Legislativa do Distrito Federal, em queda vertiginosa desde 2012, bem como a crescente impaciência do brasiliense com a casa

postado em 03/04/2014 08:29
De um lado, funcionários querem que o pessoal de nível fundamental seja remunerado como se fosse de nível médio e que os com cargo de nível médio passem a ganhar como os de formação superior. Simples assim. De outro, os deputados distritais, autoridades a quem eles servem, decidem reduzir as votações em plenário a um único dia da semana, a terça-feira. Dessa forma, oficializam a gazeta, que, na prática, tem sido até mais ampla, já que eles não têm assegurado quórum mínimo dia algum.


Dito isso, fica fácil entender a produção pífia da Câmara Legislativa do Distrito Federal, em queda vertiginosa desde 2012, bem como a crescente impaciência do brasiliense com a casa. Naquele ano, foram aprovadas 754 proposições. Em 2013, 612. Em 2014, houve apenas duas sessões deliberativas até agora, ambas de interesse do GDF, que, quando precisa, pressiona a base parlamentar a abrir exceção e trabalhar. Mas a tarefa vai ser dificultada nos próximos meses, com a aproximação das eleições e da Copa do Mundo.

[SAIBAMAIS]Tanto que mesmo o presidente, deputado Wasny de Roure (PT), evita apostar na formação até às terças-feiras. Anteontem, com menos de 10 dos 24 parlamentares presentes, ele lavou as mãos. Disse não poder garantir ;uma coisa que depende da consciência e do dever de cada um;. Está certo. Afinal, de incentivo financeiro é que não deve depender a vontade de trabalhar dos distritais, pois mais de R$ 62 milhões são postos à disposição deles por ano, apenas em salários, auxílios e verbas diversas.

Cada um tem direito, mensalmente, a R$ 20.042 de salário, outros R$ 20.042 de verba indenizatória, R$ 173,6 mil de verba de gabinete, R$ 657,59 de auxílio-creche e R$ 1.034,59 de auxílio-alimentação. Não bastasse, o time goza 75 dias de férias por ano. Isso mesmo: dois meses e meio; ou duas vezes e meia o que cabe ao trabalhador para quem legislam. Agora, reduzem os dias de trabalho em plenário durante a semana, embora já viessem ignorando a determinação do Regimento Interno. Das 25 sessões de votações que deveriam ter sido realizadas da abertura dos trabalhos legislativos, em fevereiro, até hoje, só duas ocorreram.

O império da desídia também ajuda a manter tanto privilégio. Há cerca de oito anos estão parados na casa um projeto de iniciativa popular, com mais de 20 mil assinaturas, e uma proposta de emenda à Lei Orgânica, ambos com o objetivo de limitar as férias de Suas Excelências aos 30 dias que cabem aos mortais deste país. Acostumados a ficar de costas para o eleitor, 21 dos 24 distritais (três não são candidatos) empenham-se no momento em correr atrás de votos para garantir a manutenção dos abusos por pelo menos mais quatro anos. A expectativa é de que as urnas reflitam o que o cidadão de fato pensa de cada um.


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