Cidades

Brasilienses não poupam distritais e até arcebispo cobra políticos

Campanha lançada pelo Correio repercute nas redes sociais

postado em 04/04/2014 06:00
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Dificilmente um cidadão comum, acostumado a trabalhar pelo menos cinco dias por semana para ter o salário na conta todo fim do mês, vai aceitar que o político que escolheu para representá-lo tenha decidido trabalhar somente às terças-feiras. Do arcebispo de Brasília, Dom Sérgio da Rocha, passando pela classe artística, todos criticaram a decisão dos parlamentares da Câmara Legislativa.

Campanha lançada pelo Correio repercute nas redes sociais

;O povo quer ver os distritais trabalhando, e muito. Ano de eleição tinha de ser ano de atividades redobradas em prol da sociedade e não uma espécie de licença remunerada, como o que vemos;, opinou Dom Sérgio. Em entrevista ao Correio, o líder religioso foi além. Disse que a situação ;põe em xeque a ética na política e a credibilidade dos nossos deputados;. ;O modo com que eles trabalham e também o tempo que se dedicam às questões da população têm tudo a ver com estes dois pontos fundamentais: ética e credibilidade. É grave e muito delicado perceber que os distritais ocuparão o tempo privilegiando interesses pessoais e não o próprio mandato para o qual foram eleitos;.

Campanha lançada pelo Correio repercute nas redes sociais O arcebispo ainda lembrou que a Igreja canonizou ontem um homem que trabalhou muito. ;Que o santo padre José de Anchieta sirva de exemplo, ajude e motive os deputados a trabalharem. A ética na política depende dos eleitores, mas os próprios políticos são os primeiros responsáveis por ela. Cristo nos ensinou que o trabalho, quando levado a sério, dignifica o homem. Seria tão bom se pudéssemos dizer que os políticos são pessoas que trabalham muito pelo povo.;

Na internet, a hashtag #vaitrabalhardeputado se tornou viral (notícia que se espalha rapidamente). A capa do Correio de ontem foi compartilhada pelo menos 470 vezes e curtida outras 600 no Facebook. A revolta é evidente na fala de todos os entrevistados pela reportagem, que fizeram coro à campanha. ;Acordo às 4h e chego em casa depois das 20h, enquanto esses caras têm toda a mordomia e nem querem trabalhar?;, questiona o ajudante de pedreiro Ivan Carvalho, 28 anos. Gerson Inácio da Conceição, 48, é monitor em uma escola, e considera ;uma falta de respeito; os distritais trabalharem somente uma vez por semana. ;Votamos neles, depositamos nossa confiança para que defendam nosso direitos;, diz.

Meio cultural
O vocalista da banda brasiliense Natiruts, Alexandre Carlo, acredita ser um absurdo o povo ter de pagar ;uma das maiores taxas de imposto do mundo; e, como retribuição, ter representantes sem vontade de reverter isso para a população. ;Coincidência ou não, os maiores picaretas que conheci no meio musical migraram para a política;, lembra. O cantor do conjunto Móveis Coloniais de Acaju, André Gonzáles, revolta-se com as altas cifras que envolvem o trabalho dos deputados ; por ano, eles podem custar até R$ 62 milhões. ;Deputados, pagamos muito caro para ter vocês no Legislativo! O mínimo que devem fazer é comparecer ao local de trabalho;, destaca. Para o poeta Nicolas Behr, os eleitores devem estar cientes que eles têm parte da responsabilidade do que é votado pelos deputados, já que os colocou no parlamento.

;A Câmara Legislativa é uma das caras da sociedade. Uma cara feia, sombria, mas não deixa de ser um reflexo. A decisão dos parlamentares é fruto da omissão política dos eleitores;, alerta. Ciente da iniciativa #vaitrabalhardeputado, Behr lembra que a população tem, hoje, o poder de interferir na política. ;A democracia tem para onde evoluir. Essa campanha é boa, é salutar.;


Assista à reportagem da TV Brasília

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