postado em 05/04/2014 13:00
Para a arte não há limites. Quando um meio se fecha, cria-se outras possibilidades. O Sacolão, feira para venda e troca de fotografias, foi alternativa encontrada para dar oportunidade para jovens fotógrafos da cidade mostrarem seus trabalhos. O convite é para conhecer algo novo, mas também ter a chance de apreciar imagens artísticas longe do ambiente formal das galerias, além do contato direto com o autor das imagens. O hall do Cine Brasília foi o espaço escolhido para o evento que acontece neste sábado (5/4).
;A ideia surgiu entre amigos que também fotografam, mas não costumam encontrar muitas oportunidades para expor seus trabalhos fora da internet. Com o objetivo de aumentar o alcance do público para além dos colecionadores tradicionais de fotografia, optamos por criar um evento no formato de uma feira informal, com impressões a preços acessíveis e uma política de venda e troca;, afirma Silvino Mendonça, fotógrafo e um dos organizadores do evento.
Hoje, há boas ferramentas de divulgação na web, mas expor em galerias físicas ou ser publicado por grandes editoras ainda é um desafio para quem está começando. Para driblar esse cenário, muitos artistas expõem os trabalhos nas ruas, participando de feiras, criando editoras independentes e vendendo zines. Serão 15 expositores no Sacolão. Alguns nunca trabalharam comercialmente com fotografia, enquanto outros já têm experiência com vendas e exposições. ;A distinção entre amador e profissional não foi decisiva para a seleção dos fotógrafos. Convidamos pessoas com produções fotográficas interessantes, independente de seus currículos;, afirma Silvino.
Os expositores estão livres para estipularem os preços que desejarem, mas desde que adotem valores acessíveis, que podem variar entre R$ 10 e R$ 90. A variedade de preços acompanhará a diversidade de suportes e formatos. Fotografias em fine art - impressão de alta qualidade -, geralmente, são caras. Para adequar esse suporte a preços que não pesem tanto no bolso do consumidor, serão impressões em menor escala.
Livre criatividade
;Muitos dos participantes estão explorando a fotografia de forma espontânea, sem compromissos comerciais. Alguns fotografam em formato digital, enquanto outros utilizam câmeras analógicas e até filmes com prazo de validade vencido. Acredito que essa liberdade estimule uma produção fotográfica mais experimental, autoral e interessante. Os gêneros fotográficos são variados: há quem só faça retratos, enquanto outros se interessam mais por abstracionismo ou em registros de viagens;, conta Silvino Mendonça sobre a estética dos trabalhos que estarão na feira.
Ziza Gomes, uma das fotógrafas que participará do evento, trabalha com workshops de fotografia analógica - o Lomo-Rolê -, mas é a primeira vez que mostra o trabalho para o público. ;Nunca tinha me sentido segura para colocar minhas fotos à venda, mas aos poucos estou amadurecendo meu trabalho e acho que é hora de tentar. São temas diversos, mas todas são fotografias analógicas e estão conectadas com a cor e a forma de um jeito muito presente;, revela.
Sinclair Maia também participará do evento. Já expôs em duas mostras coletivas no Museu Nacional, entretanto nesse tipo de feira é a estreante. ;Estou levando 28 fotos nos mais diversos estilos. Tem fotografia documental, o clássico preto e branco, coloridas, outras com uma pegada mais contemporânea, e até fotos tiradas do celular. O que todas têm em comum é que são impressas em padrão museológico. Usamos pigmentos minerais e papel de algodão. Isso quer dizer que uma foto dessas bem armazenada dura até 200 anos sem alterações de cor;, conta o fotógrafo.
Dos vários meios de expressão que conhecemos, a fotografia se destaca por ter força de informar, provocar ou inspirar reações e emoções. ;O fácil acesso à arte, seja ela qual for, convida as pessoas, faz com que elas se sintam menos desconfortáveis do que em um leilão ou algum evento formal de arte. Faz com que esse contato seja fácil, pois torna-se mais real o consumo de cultura. Além de instigar as pessoas a verem diversos trabalhos que estão sendo produzidos e descobrirem a pluralidade da fotografia;, reflete Ziza Gomes.
De acordo com Silvino, os fotógrafos locais - profissionais e amadores - que não estiverem contemplados na programação oficial do evento poderão levar suas próprias impressões e negociar trocas com os visitantes e expositores. Espera-se que essa dinâmica proporcione a diversidade de trabalhos expostos no evento e contribua com o debate sobre o atual panorama da fotografia autoral em Brasília.
Serviço
Sacolão - Venda & troca de fotografias
Hoje, de 15h as 21h, na área externa do hall do Cine Brasília (106/107 Sul).