Cidades

Distritais voltam ao plenário, mas usam parlatório para falar de eleições

Pressionados, parlamentares voltam ao plenário na quarta-feira. Mas passam boa parte do tempo discutindo a criação de um grupo de partidos nanicos que teria a função de indicar o candidato a senador na chapa governista

postado em 10/04/2014 06:01
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Com um quórum surpreendente para uma quarta-feira na Câmara Legislativa, de 16 deputados, os distritais usaram boa parte do espaço ao qual têm direito no parlatório ontem para tratar sobre assuntos eleitorais. O principal tema debatido foi a criação de um grupo de partidos nanicos (PEN, PTC, PTdoB, PHS e PRP) ; chamado de G5 ; para cobrar do governador Agnelo Queiroz (PT) a vaga de Senado na chapa majoritária encabeçada pelo petista e por Tadeu Filippelli (PMDB), o vice. De qualquer forma, pressionados pela mobilização social com a hashtag #vaitrabalhardeputado, eles aprovaram cinco projetos ontem, ao contrário do acordo fechado na semana passada, de concentrar as votações apenas nas terças.

O plenário não tinha registrado até ontem a presença, em uma quarta-feira, de 16 deputados em nenhuma das 25 sessões ordinárias do ano. E foi o que aconteceu. ;Não adianta ninguém vir dizer que os nobres colegas resolveram trabalhar de uma hora para a outra. Esse grande comparecimento desde a semana passada é uma reação clara às cobranças depois da instituição oficial da gazeta. Espero que continue assim o resto do ano. Recebemos para isso;, comentou um parlamentar. Na última terça-feira, foram 20 deputados em plenário. Em 90 minutos, eles aprovaram 20 projetos, entre eles, os que incluem diversas datas no calendário oficial do Distrito Federal.

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Antes do início das votações, no comunicado de líderes de partidos e blocos, Olair Francisco (PTdoB) usou seu direito à palavra para tratar da criação do G5. ;Nós queremos reconhecimento da nossa parcela de importância na base do governo. Vamos reivindicar espaço político no governo. Mas também queremos espaço não só na coligação. Queremos a vaga do Senado para este grupo;, destacou.

Alírio Neto (PEN) lembrou que ;não é justo; apenas dois partidos (PT e PMDB) terem direito a indicar candidatos ao governo, vice e Senado. Agaciel Maia (PTC) engrossou o discurso dos colegas e ressaltou que o grupo pode chegar a G7, G8 ou até a G9, incluindo novas siglas. ;Esses cinco partidos têm potencial para 350 mil, 380 mil votos. Apoiamos o governo Agnelo, mas queremos espaço;, destacou. Olair, Alírio e o próprio Agaciel têm pretensão de disputar o Senado, principalmente depois da virtual saída de Gim Argello (PTB) do páreo na base aliada.

[SAIBAMAIS] A líder do governo, Arlete Sampaio (PT), reclamou do uso do espaço da sessão ordinária para tratar de questões eleitorais. ;É legítimo os partidos se unirem e buscarem espaço. Mas acho que o parlatório não é lugar para isso. Pois o meu candidato ao Senado, o Chico Leite, está aqui também. No momento certo, o nome da chapa será definido de maneira democrática;, disse. Paulo Roriz (PP) também entrou na conversa e reclamou da possível aproximação do G5 com o distrital Benedito Domingos (PP), presidente regional da legenda. ;Ele não está autorizado a negociar com ninguém e a fechar com nenhuma chapa;.

Coleta de assinaturas
Chico Vigilante (PT) voltou a pedir apoio aos colegas na coleta de assinaturas para criação de um Projeto de Emenda à Lei Orgânica (Pelo) que reduz o recesso na Casa. ;Hoje, são pelo menos 75 dias de férias, que ficariam reduzidos para 30 dias. Acho que é justo tirarmos o mesmo tempo de recesso dos trabalhadores comuns;, destacou o petista. Alírio Neto disse que aprova a proposta, mas que os deputados também poderiam ter outros benefícios de trabalhadores, como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e nivelamento da carga horária. O deputado do PEN só esqueceu de citar todas as verbas públicas às quais os deputados têm direito. Somando o salário que recebem mensalmente e todas as vantagens, os deputados distritais custam mais de R$ 60 milhões por ano.

O principal projeto aprovado na tarde de ontem, em segundo turno, foi um do petista Chico Leite, que estabelece a isenção de taxa na inscrição de concursos públicos para candidatos que tenham prestado serviço eleitoral. As demais propostas tratavam da inclusão de datas comemorativas no calendário oficial do Distrito Federal.

Dinheiro de sobra
Cada deputado distrital recebe um salário mensal de pouco mais de R$ 20 mil e tem direito à verba indenizatória também de mais de R$ 20 mil por mês (para gastar com divulgação da atividade parlamentar, contratação de assessoria, compra de combustível e aluguel de carros, por exemplo). Além disso, recebem R$ 175 mil de verbas de gabinete para contratação de servidores. De quebra, têm auxílios-alimentação (pouco mais de R$ 1 mil) e creche (R$ 657), e contas de telefone celular pagas com dinheiro público.

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