postado em 22/04/2014 06:00
Criados há mais de 20 anos para ser um modelo de ensino no país, idealizado pelo educador Darcy Ribeiro, os centros de Atenção Integral à Criança (Caics) do Distrito Federal amargam o abandono. As oficinas de arte, as aulas de educação física e o atendimento médico e odontológico deram lugar às aulas regulares. São poucos os alunos que conseguem ficar o dia inteiro na escola, mas as atividades não se aproximam do que já foram um dia. Além da renúncia à ideia original, os Caics sofrem com a falta de manutenção nos prédios.
A decadência desse modelo de educação pode ser observada nos 14 Caics que existem no DF. O primeiro do país, o Santa Paulina, abandonou esse modelo ainda nos anos 1990. Hoje, somente 150 crianças dos 1,1 mil alunos têm a oportunidade de passar o dia na escola, fazer as refeições e participar de aulas complementares. Mas, mesmo assim, as atividades extras não são as mesmas daquela época. Em vez de música, teatro e educação física, os estudantes têm reforço de matemática e português, informática e recreação. ;Não temos espaço físico nem funcionário para atender todos os estudantes;, lamentou a vice-diretora, Jaqueline Barreto de Oliveira.
Recentemente, os funcionários do Caic do Paranoá ainda passaram por um susto. Parte da estrutura do ginásio de esportes caiu durante o carnaval e, até hoje, não foi recolocada. Quando chove, as crianças ficam impedidas de ter aulas de educação física. Outra queixa da vice-diretora é a caixa d;água. ;Ela está condenada pela Defesa Civil e não funciona há cinco anos. Nos períodos de seca, ficamos sem água. Desde a inauguração, nunca passamos por uma reforma total;, disse.
A pequena Isadora Carolina Alves dos Santos, 3 anos, faz parte do seleto grupo que tem a oportunidade de passar o dia no Caic do Paranoá. O pai, o auxiliar de manutenção elétrica Ozéias Santos Lima, 26 anos, deixa a filha na escola às 7h e só a pega no fim do dia. ;Trabalho das 7h às 19h. É muito bom deixá-la na escola o dia inteiro. Os professores são a segunda mãe dela;, disse. No entanto, Ozéias se preocupa com o futuro da filha. No próximo ano, ela não poderá mais estudar em período integral. Sem contar o filho caçula, de 1 ano, que vai começar a frequentar o colégio. ;Já estamos com nome na lista, não podemos pagar uma creche ou escola particular. É uma pena que, a cada governo, tudo mude;, lamentou.
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