postado em 27/04/2014 08:00
;Ele foi embora e nos deixou.; ;Sua mãe é mentirosa.; ;Seu pai é um bêbado.; ;Ela não liga para você.; ;Quando você passeia com ele, eu fico triste.; Essas são alguma frases ouvidas diariamente por milhares de pequeno brasileiros. Filhos de homens e mulheres divorciados, eles experimentam a crueldade das palavras ditas por quem não se conforma com o fim do casamento e usa as crianças para atingir o ex-companheiro. A prática tem nome: alienação parental. De acordo com a Associação de Pais e Mães Separados (Apase), 80% de filhos de pais separados sofrem com o problema em algum grau.Mariana*, 31 anos, conhece bem essa realidade. Nascida em Brasília, ela viveu com os pais em uma quadra da Asa Norte até completar 9 anos, quando o casamento deles acabou. A separação difícil, cheia de mágoa recíproca, fez a mãe decidir se mudar da capital. Apesar de não ter nenhum emprego em vista, partiu com a menina para São Paulo. Alugou um apartamento e, alguns meses depois, começou a trabalhar como enfermeira em um hospital particular. ;Eu não entendi bem por qual razão teria que viver em outra cidade, mas a minha mãe disse que seríamos mais felizes longe de Brasília;, conta Mariana.
Desde o princípio, o pai da menina foi contrário à mudança, mas, como a guarda era da ex-mulher, não teve como impedi-la. O servidor público, à época com 41 anos, sentia-se culpado por ter iniciado outro relacionamento quando ainda estava casado. ;Eu tinha muita pena porque a decisão foi minha e ela não queria;, lembra Pedro*. Nos seis primeiros meses longe da filha, ele lembra que falava com Mariana ao telefone regularmente. De um dia para o outro, no entanto, ao ligar, passou a ouvir uma mensagem: ;Este número está desligado a pedido do cliente;.
Nascido em Brasília, o advogado Igor Nazarovicz Xaxá, 33, conhece de perto a alienação parental. Em 2009, pouco depois de se separar da ex-mulher, foi proibido de ver a filha que teve com ela, à época com 3 anos. Precisou acionar a Justiça. Quando as visitas começaram, contou com a ajuda da polícia para garantir o cumprimento da decisão. ;Foi traumático quando descobri o que realmente enfrentava porque não sabia o que fazer, nem a quem recorrer. Especialmente quando fui acusado, pela minha ex-mulher, de maus-tratos contra a minha filha. Fiquei sem chão;, lembra.
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Leia o teaser do livro A morte inventada, que trata do tema:
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