Cidades

Socioeducativos que atuam em unidades de internação entram em greve

O grupo, que dá assistência a jovens que cometeram atos infracionais, quer a aprovação de um projeto de lei que cria a carreira

postado em 30/04/2014 09:40

Servidores socioeducativos da Secretaria da Criança do Distrito Federal entraram em greve nesta quarta-feira (30/4). A categoria quer que a Câmara Legislativa aprove o projeto de lei que cria a carreira socioeducativa. O grupo atua em unidades de internação para adolescentes que cometeram atos infracionais.

Atualmente, os centros de recuperação de jovens do Distrito Federal contam mais de 500 adolescentes, suspeitos de envolvimentos em homicídios, latrocínios, roubos, estupros, furtos, entre outros delitos. Em 2013, as polícias Civil e Militar apreenderam o maior número de adolescentes infratores da história do DF: mais de 8 mil.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Atendentes de Reintegração Social do DF (Sind-Atrs), Cristiano Torres, todos os funcionários aderiram à paralisação, no entanto, garantem os serviços de saúde, segurança e alimentação aos internos. Hoje, o grupo fará uma reunião com os servidores para decidir os rumos da greve.

[SAIBAMAIS]O projeto, criado pelo governador Agnelo Queiroz, está em tramitação na Casa desde o começo do mês, mas até agora não foi votado por falta de quórum. Na semana passada, os profissionais acamparam na Câmara para pressionar a votação. Ontem, a categoria e integrantes do Sindicato dos Servidores de Assistência Social e Cultural do Governo do DF (Sindsasc), contrário o projeto, também foram ao plenário, a votação foi adiada.



Para o diretor jurídico do Sind-Atrs, Gustavo Anunciação de Paula, uma carreira para os servidores do sistema socioeducativo irá aperfeiçoar o atendimento aos adolescentes que sofreram medidas socioeducativas, como internação e prestação de serviços comunitários. Segundo o diretor, o planejamento resultará na criação de escolas capazes de capacitar servidores diretamente envolvidos com jovens e medidas socioeducativas.

Paralelamente, assistentes sociais de Secretaria da Criança, da Secretaria da Mulher, da Secretaria da Justiça e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, contrários à criação da carreira dos colegas, estão em greve desde domingo (27/4). O presidente do Sindsasc, Cássio Alves, afirma que o projeto precisa de um debate mais amplo. "O governo fez o projeto de lei e encaminhou à Câmara sem ouvir os servidores", disse.

Os assistentes ainda reivindicam pendências financeiras, como a tabela de vencimentos dos servidores com base nos títulos, além do que é cobrado no edital. De acordo com Cássio, ao todo, cerca de três mil profissionais estão paralisados, mas os serviços essenciais são garantidos.

Segundo o servidor Clayton Avelar, o projeto proposto tem muitas falhas. Uma delas é o uso do termo "socioeducativo". Clayton acredita que a visão que está no projeto é repressora e não representa o caráter coletivo das políticas públicas de assistência social.

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