postado em 04/05/2014 08:00
Copa do Mundo é um evento curioso. Quem nunca assiste a futebol vibra como o mais fanático torcedor de arquibancada. Os 200 milhões de brasileiros viram treinadores da Seleção. Amigos de longa data se reúnem e acompanham os jogos. E muitos marmanjos (e marmanjas) voltam aos tempos de criança e juntam a turma para colecionar figurinhas. Em Brasília, alguns pontos viram feiras nas quais o objetivo de todos é só um: trocar cromos, a maioria com pessoas que nunca haviam encontrado.
Embora o torneio ainda não tenha começado, famílias já se unem na busca pelos adesivos dos craques. A vontade de começar a Copa com todas as figurinhas motivou o servidor público César Dias, 52 anos, a comprar três álbuns: o dele, o do enteado Pedro Bonifácio, 13, e o da filha Isabela Dias, 9, que já completou. Em 2010, foi a mesma coisa. ;Quando eu era menino, fazia álbum de tudo que era torneio. Tenho o do Campeonato Brasileiro de 1977 (o primeiro da história da competição nacional) em casa até hoje. E o mais legal é, e sempre foi, encontrar o pessoal e fazer a troca;, diz. ;E, veja você, tem mais marmanjo que criança aqui (na banca da 106 Norte);, observa.
Para o psicólogo do esporte Rodrigo Scialfa Falcão, é natural que aconteça esse aumento na procura. ;O futebol é o esporte mais popular do mundo, é parte importante da cultura brasileira. A Copa do Mundo é o maior torneio da modalidade e, desta vez, será aqui no Brasil;, explica. O especialista observa ainda a fala de César. ;Os ;marmanjos; já foram crianças um dia, revivem isso no Mundial e socializam, em busca de figurinhas;, continua.
As trocas atraem pessoas em diversos lugares (veja quadro). Ainda segundo Falcão, a distância entre classes sociais pode diminuir no ambiente de trabalho, pelo menos por alguns instantes, graças ao interesse comum. ;Em uma grande empresa, por exemplo, o office boy e o executivo que nunca se falam começam a trocar figurinhas e, assim, criam vínculos, ainda que por pouco tempo;, explica.
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