Cidades

Ex-usuário de drogas se torna professor de marcenaria na Cidade Ocidental

Mestre no trato com a madeira, Adeílson Carvalho redescobriu a capacidade após achar um estudante desaparecido. Não quis recompensa, apenas ajuda para abandonar o crack. Venceu a batalha contra a dependência e, hoje, distribui generosamente seus conhecimentos

postado em 10/05/2014 08:00

Adeílson Carvalho, antes morador de rua e dependente químico, hoje diz que precisa apenas de uma máquina para mudar a vida de outros pacientes
De vez em quando, aparece uma história de superação com tanta força que não cabe em si. Precisa se multiplicar, beneficiar a outros, ter uma continuação. Talvez as pessoas se lembrem de Adeílson Mota de Carvalho como o morador de rua, usuário de drogas, que encontrou um estudante desaparecido em agosto do ano passado. Mas essa é apenas uma passagem da história de um homem generoso. Merece ser citada para ressaltar a capacidade de alguém de dar a volta por cima. Recuperado do vício em crack, o talentoso marceneiro quer agora ensinar aos pacientes da comunidade terapêutica Salve a Si, onde se tratou, o ofício que domina desde os 9 anos. O galpão das aulas está pronto. Será inaugurado no domingo, Dia das Mães. Agora, só faltam as máquinas.

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A estrutura montada no terreno da clínica, situada na Cidade Ocidental (GO), foi construída com materiais e suporte de pessoas, empresas e instituições comovidas com a história de Adeílson. Seus nomes são lembrados na placa de inauguração da oficina. Entre eles, estão o repórter do Correio Saulo Araújo e o fotógrafo Iano Andrade. A dupla acompanhou a trajetória de Adeílson desde 9 de agosto do ano passado, quando ele encontrou o estudante Felipe Dourado Paiva, até fevereiro último, ao receber alta do tratamento para a dependência química.



Adeílson quer repassar os conhecimentos aos colegas da clínica. Teve a ideia enquanto também era um paciente e retomava o ofício, consertando e construindo móveis. ;Eles me perguntavam como fazia e se eu poderia ensinar. Muitos que estão aqui dentro não têm uma profissão. E, olha, eu sei que estão precisando de bons marceneiros. Tem trabalho em todo canto;, explica o mestre de 38 anos.

Quando ele aprendeu a fazer móveis, tinha apenas 9 anos. A mãe, Lucenir, pediu ao pastor da igreja que frequentava em Redenção (PA) que o ensinasse. ;Ela quis que eu tivesse uma profissão. Ele não me pagava nada;, recorda. A primeira peça dele foi um banco de igreja. Aliás, ele fez uma produção em série de bancos de igreja. Pequeno, já era muito talentoso. ;O povo via o banco e não acreditava que eu que tinha feito. Mas era eu mesmo;, garante.

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