Cidades

Morte de paciente reacende debate sobre plástica a qualquer custo

Segundo Ministério Público, caso irregularidades fiquem comprovadas, clínica em Taguatinga Sul pode até fechar

Isa Stacciarini
postado em 10/05/2014 08:00
Clayson, marido de Railma, afirma que houve negligência médica após a cirurgia plástica da mulher

Nos últimos 10 anos, pelo menos 20 processos judiciais tramitaram no Distrito Federal por denúncias de familiares após eles perderem parentes em decorrência de problemas com cirurgias plásticas. As vítimas, a maioria mulheres, eram todas de idade entre 25 a 38 anos. A última delas foi a bancária Railma Rodrigues Soares de Siqueira, 32 anos, que passou por três procedimentos de cirurgia plástica na clínica médica Lazarini, em Taguatinga Sul. Segundo o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), há indícios de que o estabelecimento tenha descumprido um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado em 2010 entre o órgão, a Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde, o Conselho Regional de Medicina (CRM-DF) e o Conselho Federal de Medicina. Caso fique comprovado que a equipe médica sabia das necessidades e não seguiu as regras definidas há quatro anos, o local pode ser fechado.

O advogado Raul Canal, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Médico, é autor do levantamento sobre os processos judiciais. Ele confirma o perigo do procedimento. Segundo o advogado, a lipoaspiração é agressiva ao organismo, pois retira 5% do peso do corpo. A cirurgia exige uma reabilitação que demora, pelo menos, dois meses. ;O médico responsável pelo caso de Railma pode responder no Conselho Regional de Medicina;, afirma Canal.



Em todo o DF, 23 clínicas de estética têm licença sanitária anual expedida pela Vigilância Sanitária para funcionar ; inclusive o estabelecimento em que Railma fez a cirurgia. Mas, segundo procurador de Justiça Criminal do DF, Diaulas Ribeiro, o TAC foi descumprido, pois o estabelecimento não poderia fazer três procedimentos cirúrgicos ao mesmo tempo. ;Realizar lipoaspiração, abdominoplastia e substituição de prótese mamária no mesmo dia só é permitido em hospital ou em três clínicas no DF com estrutura hospitalar. Desde 2010, quando o TAC foi assinado, não havia nenhuma morte por cirurgia plástica em Brasília. Essa é a primeira em quatro anos;, afirma.

No TAC assinado por Diaulas Ribeiro à frente da Promotoria de Defesa da Saúde (Pró-Sus), existe um padrão máximo de procedimentos que cada estabelecimento deve cumprir. Além disso, há uma série de exigências de segurança, como contrato com o hospital próximo e acordo com bancos de sangue. ;Ao que parece, a clínica não tinha contrato com hospital a, no máximo, 10km de distância. Se houvesse, por que a paciente só foi transferida quatro dias depois da cirurgia? Por qual motivo ela foi encaminhada a um hospital da Asa Sul?;, questiona. ;Isso já carateriza um descumprimento.;

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