Cidades

Tradicionais 'armarinhos' ampliam serviços e se rendem ao e-commerce

Muitos diversificaram os produtos colocados à venda para contornar queda na demanda

postado em 20/05/2014 06:03 / atualizado em 19/10/2020 13:12

Helenice de Oliveira Teodoro, dona de armarinho" />
Os armarinhos e as lojas de confecção, com as mais variadas miudezas, eram indispensáveis até a década de 1980. Era uma época em que a maioria das pessoas consertava blusas, vestidos, calças, pregava botões e até produzia a roupa desejada. Trabalhos manuais com linhas ou lã também eram muito comuns e chegavam a ser um bom passatempo. Mas, de alguns anos para cá, o avanço da tecnologia e a busca por serviços prontos deixaram de lado esses estabelecimentos. Para sobreviverem, muitos ampliaram a oferta de serviços e de produtos.

Lojas tradicionais da cidade agregaram à rotina cursos de tricô, crochê, bordado e incluíram artigos temáticos, como mercadorias alusivas à Copa do Mundo, e de papelaria. Elas se renderam também ao comércio eletrônico, a fim de atender àqueles que preferem ficar em casa. O e-commerce chegou ao segmento.

Na Quadra 603 do Cruzeiro Novo, o armarinho Patota se mantém vivo há 42 anos. Sempre foi um ponto de referência quando a demanda era por miudezas, como botões, linhas, cartões, agulha e fitas de tecidos. “As pessoas não compram mais tanto. Pararam de customizar com botão, por exemplo. Eu, que comprava novos modelos toda semana, passei a comprar vez ou outra. Passo semanas sem abrir as gavetas de botões”, conta a dona do armarinho, Helenice de Oliveira Teodoro, 72 anos. Um dos meios para manter o negócio foi incluir novas funções. Hoje, além de armarinho, a Patota é papelaria. Para incrementar os negócios, em tempos de comemorações, como Natal e Copa do Mundo, Helenice oferece artigos decorativos. “Se ficasse só no armarinho, eu teria fechado há muito tempo”, afirmou.

A diminuição da procura não é por conta dos preços. Em geral, os produtos são baratos. Na Patota, por exemplo, o artigo mais caro é a renda guipir, cujo metro custa R$ 7. Os botões, tão desejados em outras épocas e agora esquecidos nas gavetas, não passam de R$ 0,40. E isso os mais sofisticados, feitos de madrepérola. A temporada, segundo Helenice, é a do viés —fita de tecido em algodão e poliéster para acabamento de fichários, bolsas, malas e roupas, que custa entre R$ 1,4 e R$ 3 o metro, dependendo do tipo de material. “O olho do dono engorda o gado. Além disso, temos que saber enfrentar as crises, não abaixar as portas na primeira dificuldade. Mas o que segura mesmo isso aqui é o meu gosto pelo serviço e o bom atendimento”, garantiu a comerciante.

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