postado em 23/05/2014 06:02
Às 10h desta sexta-feira (23/5), o corpo do arquiteto João da Gama Filgueiras Lima, ou simplesmente Lelé, será conduzido em cortejo até a Ala dos Pioneiros do Cemitério Campo da Esperança, onde será sepultado, ao lado de outros importantes nomes da história da construção de Brasília. Parlamentares chegaram a oferecer batedores para facilitar o translado do cadáver da Câmara dos Deputados - onde foi velado durante a madrugada - até o cemitério, mas a família recusou. A simplicidade dele não condizia com tal regalia.
Pontualmente às 20h dessa quinta-feira (22/5), um silêncio respeitoso tomou conta do Salão Nobre do Congresso Nacional. Carregado por seis amigos, o caixão com o corpo do ;maior arquiteto do Brasil;, como definiu ninguém menos do que Oscar Niemeyer, chegava à sede do Poder Legislativo para ser velado. Lelé recebia as últimas e merecidas homenagens. Morto aos 82 anos, vítima de um câncer de próstata, deixou colegas e familiares de luto, mas o traço modesto e elegante de sua arquitetura e, sobretudo, as virtudes como pessoa, permanecerão como legados para muitas gerações.
No velório, por vezes, a tristeza cedia espaço à admiração. Comedidos, todos pareciam dizer um ;muito obrigado; ao ex-professor, ex-músico, ex-jogador de futebol ; por cinco anos foi ponta-direita de um time da escola ; e sempre arquiteto. Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, Haroldo Pinheiro destacou a criatividade como a maior marca de Lelé. ;Ele integrou uma geração especial, que floresceu num período de bastante criatividade, que, para mim, é a palavra que resume a vida dele;, disse.
Carioca, Lelé percorreu o país inteiro. Uma das passagens mais marcantes foi em São Paulo, onde ele ajudou a fundar a Escola da Cidade, uma instituição de ensino comunitária para estudantes de arquitetura de baixa-renda. Por sua contribuição, tornou-se o patrono da primeira turma formada no local. Existe um projeto para a construção de uma segunda escola, também na capital paulista. O nome de Lelé ficará imortalizado, pois batizará a instituição. Quando tudo estiver pronto, a pedra fundamental trará os seguintes dizeres: ;Escola de Humanidade João Filgueiras Lima;.
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