postado em 07/06/2014 11:12
A menos de uma semana da Copa do Mundo, o sentimento dos brasilienses está dividido em relação ao Mundial. Muitos sentem uma mistura de ansiedade e animação com a proximidade dos jogos e com a Copa em território brasileiro. Entretanto, a indignação e a insatisfação com os gastos feitos pelo governo para realização do evento não são ignoradas.
Em Brasília, algumas ruas estão enfeitadas e há quadras comerciais "vestidas" de verde e amarelo. No trânsito também é possível ver a animação de alguns torcedores. Há carros adesivados com bandeiras do Brasil, com bandeirinhas e fitas nas janelas. Há quem ache que a cidade - que vai sediar sete partidas do Mundial - ainda não está no clima de Copa como em anos anteriores.
[SAIBAMAIS]As quadras residenciais estão enfeitadas de forma tímida - umas mais, outras menos, mas nada comparado a edições anteriores. O estudante Marco Rezende, 21 anos, disse que gosta de futebol, mas que o entusiasmo é outro.
"Eu vou assistir aos jogos. Eu gosto, mas não estou muito animado. Eu acho que Copa sempre foi uma coisa que todos assistimos juntos e torcemos para o Brasil. Hoje está um pouco dividido. Minha quadra, por exemplo, já foi mais enfeitada em outras Copas;, disse o morador da 412 sul.
;Achei que, por ser no Brasil, as pessoas ainda não acordaram, é como se a ficha não tivesse caído ainda. Não vejo os carros enfeitados, não estou vendo tudo decorado e a mobilização que esperava por causa da Copa ser país. Acho que ainda há muita tensão por causa das manifestações;, disse a servidora Paloma Figueirôa, 24 anos.
Paloma adora futebol e a Copa do Mundo ; a capa do celular já está com a bandeira do Brasil, a casa decorada, os ingressos comprados para todos os jogos na capital e as mãos suadas só de falar no assunto. Para ela, o clima vai mudar depois que os jogos começarem.
;A desanimação que eu percebo tem a ver com as pessoas acharem que o governo gastou e errou ao ter trazido a Copa para o país. Mas temos o futebol como paixão. Eu também apoiei as manifestações quando achei que ainda dava para fazer algo. Agora, o que pode ser feito é depois. Os jogadores e o campeonato não têm culpa. Podemos nos manifestar de outras formas, sem revolta e baderna. Os olhos do mundo estarão voltados para nós;, destacou.
Integrante do Comitê Popular da Copa do Distrito Federal, Vinícius Lobão acredita que a população esteja mais revoltada do que acomodada ou satisfeita com a Copa.
;Mesmo os que compraram ingressos para assistir aos jogos estão por dentro das diversas violações que foram cometidas pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), pelos seus patrocinadores e pelo Estado por conta da realização desse evento;, explicou Lobão, em referência às denúncias de remoção de famílias dos locais onde foram construídos estádios, sem planejamento ou as indenizações devidas.
De acordo com ele, a mobilização e a insatisfação das pessoas - como consequência de informações sobre irregularidades - foi uma conquista dos comitês populares e de diversos outros movimentos sociais desde junho do ano passado.
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;Antigamente, pouco se debatia ou conversava sobre política em geral - saúde, mobilidade urbana, educação, modelo de cidade -, hoje, independentemente da opinião, ao menos se debate. Acreditamos que esse é um primeiro passo para uma transformação, para uma sociedade mais justa e para que a população se conscientize;, destacou.
Para ele, os questionamentos e as manifestações não serão esquecidos com o início dos jogos. ;Estaremos nas ruas, seja em protestos pacíficos, com rodas de debate e ações de panfletagem. Já temos um calendário montado para todos os dias de jogos que acontecerão aqui em Brasília, cada um com um tema diferente, para que possamos debater e informar a população sobre diversos assuntos;, disse.
Apesar de achar que os recursos destinados à competição foram mal gastos, a publicitária Marja de Sá, 29 anos, acredita que a hora de fazer protestos passou e que, agora, o momento é de torcer.
;Eu adoro a Copa, sempre acompanho e estou muito animada em poder ir aos jogos. Consegui [ingressos para] todos [os jogos] de Brasília;, disse Marja.
Para ela, ainda há muita desinformação em torno do assunto. ;Há muita publicação falando que o país deixou de investir em educação e saúde para fazer a Copa, quando, na verdade, não falta dinheiro para nenhuma área. O que falta é a gestão adequada dos recursos. O problema é que escolhemos maus gestores;, explicou.