postado em 09/06/2014 06:03
Nos seis anos de existência da unidade de Internação da cidade, os administradores do centro sempre tiveram o cuidado de separar os adolescentes por módulos. O principal critério observado na hora da divisão é evitar que os conflitos das ruas sejam reeditados dentro do complexo, onde 99 meninos com menos de 18 anos cumprem medida socioeducativa.
Mas o clima do maior evento esportivo do planeta fez com que grupos rivais praticassem atividades juntos, pela primeira vez. Empolgados com os vários projetos voltados para o Mundial, os garotos se comprometeram a deixar as brigas de lado. Desde o último dia 26, a unidade respira Copa do Mundo. Logo depois de entrar pelo portão principal, o visitante é recebido com um painel pintado pelos internos. Nele, frases como ;Salve a Seleção; e ;A Copa é nossa; indicam que o ambiente está totalmente focado no futebol.
Na escola que funciona na unidade, até as tradicionais disciplinas foram adaptadas em função dos jogos. Na aula de ciências, os menores infratores aprendem como deve ser a alimentação de um atleta antes dos jogos. Estatísticas de partidas e contagem de títulos fazem parte do aprendizado de matemática. Já o professor de história separou textos de reportagens publicadas em jornais e revistas sobre a Copa, além de sugerir debates entre os internos. Em geografia, os estudantes-internos aprendem a localização dos países classificados para a competição em mapas.
Para saber mais
Histórico de brigas e de mortes
A guerra entre gangues de Planaltina começou no início dos anos 1990. Cada comunidade formou o próprio grupo, com apelidos que se confundem com as localidades. Pombal é a Vila Buritis 2, enquanto o Setor Residencial Norte se refere ao Agreste ou ao Jardim Roriz. Vila Buritis 3, por exemplo, é o Buraco Fundo. No começo, a disputa se dava para garantir territórios. Em pouco tempo, o tráfico de drogas começou a pautar os conflitos. As principais desavenças hoje ocorrem entre jovens do Pombal, que brigam entre si e com moradores de bairros vizinhos. Apesar de tantas mortes, as rixas não acabam em virtude do recrutamento de crianças e pré-adolescentes nos grupos.
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