postado em 10/06/2014 20:31
O deputado distrital Aylton Gomes (PR) pediu o apoio da Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) para exigir uma retratação formal do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) àquela Casa. Durante o julgamento da ação penal que condenou o parlamentar por envolvimento no suposto esquema de corrupção conhecido por Mensalão do DEM, o desembargador Silva Lemos, da 3; Turma Cível, classificou a Câmara como "um poço de negociata e de corrupção".O presidente da Casa, Wasny de Roure (PT), disse que tratará do assunto com o presidente do TJDFT, Getúlio de Oliveira.
"Sabemos que a população brasiliense está profundamente chocada e consternada com a Câmara Distrital (sic) há muito tempo, ou seja, se fôssemos fazer uma espécie de recall, a população brasiliense talvez abrisse mão dessa autonomia de ter uma Câmara Distrital (sic), porque essa Câmara que aí está tem sido, até hoje, com raríssimas exceções, apenas um poço de negociata e de corrupção", disparou o desembargador, em pronunciamento registrado em acórdão publicado há três semanas.
Em outro trecho do voto, o magistrado faz críticas aos deputados. "Votam neles porque não há alternativa, mas todos sabem, porque é público e notório, que não se dá ;dez contos de réis de mel coado; por qualquer deputado distrital", continuou Silva Lemos.
Para Wasny de Roure, os comentários do desembargador não refletem o pensamento da Justiça do DF. "Acredito que a manifestação tenha sido feita no calor do julgamento. As declarações são pesadas, recaem sobre todos nós, parlamentares, e, por isso, são injustas. A generalização não ajuda em nada. Neste momento, é oportuno buscar o diálogo", afirmou ele, prometendo levar o assunto à presidência do TJDFT na próxima reunião entre os chefes dos poderes.
Na sessão desta terça-feira, (10/06), Aylton Gomes usou cerca de 20 minutos do tempo destinado a comunicados de parlamentares para se defender e clamar o apoio dos colegas.
"Não há provas que me condenem. O que há são gravações de terceiros usando meu nome. Além disso, o Ministério Público pede o ressarcimento de quantias associadas a períodos em que eu nem estava na Câmara", disse ao Correio.
Entre 2008 e 2009, Gomes foi administrador de Planaltina. Com a condenação da 3; Turma, ele se tornou inelegível até 2024 e terá de devolver quase R$ 2 milhões aos cofres públicos. A condenação unânime, por improbidade administrativa, se deu após os magistrados entenderem que ele recebeu pagamentos mensais de R$ 40 mil para apoiar o governo local na Câmara Legislativa em 2007.