Renata Rusky
postado em 14/06/2014 17:48
O suíço Kay Way, 40, piloto, e o chileno Pablo Piña, 30, arquiteto, se conheceram em uma parada de ônibus da L4 Norte. Ambos queriam ir ao Eixo Monumental visitar os pontos turísticos dali, a Praça dos Três Poderes e o Congresso Nacional e, um pouco mais distante a Catedral, o Museu Nacional e a Torre de TV. Depois de alguns minutos esperando por um coletivo, decidiram apenas levantar o dedo, na esperança de conseguir uma carona. ;O primeiro carro que passou já parou. Na Suíça, eu ficaria bem mais tempo esperando;, impressionou-se Kay.
Foi assim que os dois turistas conheceram Nilo Bello, 24, nutricionista: ;Eu nem percebi que eram estrangeiros, só parei;. O único problema é que o motorista não estava indo em direção ao Eixo Monumental, mas à Ponte JK para o PicNik, evento que está acontecendo na Ermida Dom Bosco. Nilo informou os dois estrangeiros a respeito da feira e alimentou a curiosidade dos dois, que aceitaram o convite e, chegando lá, ficaram satisfeitos não só com a paisagem do local como também com a quantidade de gente e com a feira cheia de comidas e bebidas alcoólicas e não-alcoólicas.
Kay vai embora logo após a partida de seu país contra Equador e vai ter que deixar o passeio pela Esplanada dos Ministérios para a a manhã que antece o jogo, mas Pablo, que só vai assistir ao jogo de seu país no Rio de Janeiro, contra a Espanha, apenas adiou o passeio. ;Como arquiteto, eu sei quem são Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, mas essa é a oportunidade de conhecer as obras deles de perto e não vou perder;, anima-se.
Longe de estar incluída em guias turísticos da capital ou tornar-se uma das indicações de entretenimento dadas por hotéis, a feira PicNik, hoje, atraiu mais estrangeiros que o normal por ter sido realizada em um ponto turístico. Mesmo assim, a maioria deles, foi levada por algum brasiliense. Para Nathália Loose, expositora da marca Pau-Brasília, de design de Bia Saffi, o fato de ser um pouco distante dificulta a ida de turistas sozinhos. Foi o caso também dos jovens equatorianos Diego Vaca, 21, Rafael Chacá, 21, e David Sanchez, 21, estudantes, levados pelas brasilienses Jéssica de Souza, 23, e Márcia Lupiano, 21, estudantes. Juntas, elas estão mostrando a cidade para os turistas. Ainda pretendem ir ao Pontão, à Catedral e à Torre de TV.
Os três vieram a Brasília com o orçamento tão apertado, que não sabiam onde dormiriam, já que os preços de hospedagem na capital ultrapassavam o limite de gasto diário com albergue, comida e transporte. Diego havia até vendido sua bicicleta para pode assistir ao jogo do Mundial. A sorte dos três começou no aeroporto. Embora não tenham conseguido ver a seleção equatoriana chegar, garantiram um teto sob o qual dormir.
Foi Jéssica quem fez a felicidade dos três. Como morou algum tempo nos Estados Unidos, onde conheceu muitos equatorianos, acabou apaixonada pelo país e seu povo. Foi ao aeroporto na tentativa de ver a seleção. A ida não lhe rendeu o que esperava, mas, sim, boas amizades. ;Quando os conheci e eles disseram que não tinham pra onde ir, já ofereci minha casa;, conta sem rodeios. Da capital, os equatorianos partem para Foz do Iguaçu e esperam estar felizes com a vitória de seu país contra a Suíça.