Jornal Correio Braziliense

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Operários do Mané Garrincha se preparam para assistir ao jogo do Brasil

Trabalhadores que ajudaram a erguer o estádio ganharam ingressos para a partida desta segunda. Alguns, porém, decidiram repassar as entradas




Quando Brasil e Camarões entrarem em campo pela terceira rodada da primeira fase da Copa do Mundo nesta segunda-feira (22/6), uma torcida bem especial estará nas arquibancadas do Estádio Nacional Mané Garrincha: os profissionais que ajudaram a erguer a arena poderão ver de perto a passagem do time de Felipão pela capital. Todos receberam ingressos para partidas da Copa, a exemplo do que ocorreu na Copa das Confederações, em 2013. E o sentimento desse grupo de quase 5 mil pessoas vai além do patriotismo.

Dentro do estádio ou fora dele, pedreiros, engenheiros, eletricistas, técnicos de segurança e tantos outros envolvidos na obra poderão, finalmente, ver concretizado o objetivo de fazer de Brasília uma sede da Copa do Mundo. O Governo do Distrito Federal (GDF) distribuiu, entre os operários, ingressos válidos para jogos na cidade, mesmo quando não envolve o Brasil.

O ajudante de pedreiro Antônio Soares, 25 anos, por exemplo, assistiu Colômbia e Costa do Marfim na última quinta-feira. Ele trabalhou por quase um ano na obra do Mané. "Nunca imaginei que um dia veria uma partida da Copa. Sei que essa é uma oportunidade para poucos. Nós assumimos o compromisso de entregar o estádio e conseguimos. É muito emocionante", diz.

Ter seguido a profissão do pai fez com que o pedreiro Edvaldo Paes Landim, 54, também pudesse ajudar a erguer o novo Mané e assistir a um jogo do Brasil. Ele diz sentir saudades do tempo no canteiro de obras, mas não esconde a ansiedade em acompanhar a partida válida pela Copa do Mundo ao lado de familiares. "O que mais me emociona é saber que lá no Mané tem uma placa com o meu nome e o de todos os outros operários", afirma.

A carpinteira Antônia dos Santos, 29 anos, trabalhou por um ano nas obras do Mané. Ganhou ingressos, mas decidiu não ir ao estádio. "Dei para os amigos, porque prefiro ver pela televisão. Em casa, tem replay e é mais confortável", compara ela, que lembra com alegria do dia em que, no ano passado, conseguiu conversar com alguns jogadores no estádio, na época da Copa das Confederações. "Passei muito tempo na porta do estádio tentando uma vaga na obra. Só acreditei que havia conquistado um sonho quando minha carteira foi assinada e recebi o uniforme", diz.