Cidades

Conheça a rotina de quem não pode deixar o trabalho para acompanhar Copa

Garis, vendedores, motoristas são profissionais que, mesmo atuando próximo ao estádio, não conseguem assistir aos jogos do Mundial. Eles vibram com os gritos dos torcedores, mas sonham com um dia ingressar na arena

postado em 24/06/2014 06:00
Antônio Vieira acompanha os lances pelo rádio:
É pela intensidade dos gritos que Valdemar Gomes sabe se foi gol. O gari de 60 anos só não consegue dizer qual time ampliou o placar. De serviço nos dias de jogo no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, ele começa o trabalho de limpeza das ruas com o apito inicial das partidas. ;De um jeito, a gente também está participando do jogo. Pena que não é lá dentro;, diz Gomes. Como ele, há milhares de trabalhadores sem o privilégio de pausar tudo mais para assistir ao Mundial. O jeito é se virar para acompanhar as partidas.

Valdemar trabalha acompanhado de Roberto Souza dos Santos, 26 anos, e Socorro Gomes, 48. A jornada de trabalho deles começa às 6h. Na rua o dia inteiro, não dá para ver nenhum jogo. ;Quando chego em casa, estou cansado demais para ver reprise. Fico sabendo das coisas pelas pessoas;, explica Roberto. Socorro trabalhou em todas as partidas disputadas em Brasília. Fica imaginando o dia que conseguirá estar do outro lado. ;Meu sonho é entrar nesse estádio. Um dia ainda consigo;, suspira a gari.

Desde o primeiro jogo na capital, a Feira da Torre se tornou ponto de encontro de torcedores, antes e depois das partidas. Não há como fechar as portas nesses dias. O permissionário Marcos Cleuson, 25 anos, tem aproveitado a oportunidade que a presença dos turistas representa. ;Quando Suíça e Equador jogaram aqui, eu tinha 30 caixas de cerveja que acabaram bem rápido. Para o jogo seguinte, comprei 170;, conta.

Mas a chance de lucrar com as partidas do Mané tem um ônus. Marcos só consegue acompanhar alguns lances pela televisão porque o movimento na feira é intenso mesmo durante o jogo. ;A gente fica com vontade de ir lá, saber o que está acontecendo. Mas fico ainda mais ansioso para o jogo acabar e o pessoal vir para cá. Desde o início da Copa, aumentei as minhas vendas em 70%. O jogo traz movimento para nós antes, durante e depois;, comemora Marcos. Para atrair os turistas na última quinta-feira, o permissionário usou até uma camisa da seleção colombiana, em maior número no estádio.

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