postado em 29/06/2014 07:09
Olhos vidrados conferiram de perto os lances do jogo do Brasil contra o Chile, que aconteceu ontem no Estádio Mineirão em Belo Horizonte. Eram sete pessoas amontoadas em um sofá capenga e algumas cadeiras espalhadas pela sala de Ivaldo Ferreira, o Baiano, 40 anos, na comunidade de Campos Lindos, próxima a Cristalina (GO). Ele é um dos poucos daquela região que dispõe de uma televisão. A comunidade não tem energia elétrica regularizada. Lá, cada gol simbolizava, de fato, uma vitória. Venceu quem viu o jogo.Quando se mudou para o local, Baiano trouxe nas malas um transformador que aumenta a voltagem da energia à qual tem acesso, de 110 volts, o que possibilita que a pequena tela de 14 polegadas funcione. De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, cerca de 250 mil famílias que vivem no país do futebol não contam com energia elétrica em seus domicílios.
O acesso ao conjunto de habitações ; em sua maioria feitas de alvenaria, mas com muito barraco de madeira e lona ; ocorre por uma estrada de terra e, nos arredores, o comércio é escasso. Na casa do faz-tudo Júlio Miguel Alves, o Miguelzinho, 45, não tem luz, banheiro, nem água encanada. ;Mandei fazer um poço. Do outro lado, fica um lugar para eu fazer minha higiene;, mostra. Na porta do barraco, uma placa indica que aquela propriedade é particular. O texto ;Dono: Particular: Miguel; foi a única lembrança deixada pelo filho Jonas, que foi ganhar a vida no Piauí.
Por aquelas bandas, o menor dos problemas é a Copa do Mundo. Mesmo assim, Miguelzinho faz questão de se arrumar para ir à casa do Baiano, o vizinho dono da televisão. Após 10 minutos de caminhada, tudo resolvido. Almoço e cafezinho passado na hora acompanham a partida de futebol. Júlio Miguel não é o único a aproveitar a hospitalidade de Ivaldo Ferreira. Ali se encontravam ainda o eletricista Romão Costa, 42, e o pedreiro Francisco de Assis, 58. Eles assistiram aos três primeiros jogos do Brasil juntos na pequena sala de Baiano e devem acompanhar a seleção na mesma telinha de 14 polegadas. A imagem é pequena, mas a emoção e a celebração são grandes.
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