Cidades

A partir de setembro, uso de internet fica proibido em canteiros de obras

Operários não poderão mais usar smartphones e tablets para acessar redes sociais e o WhatsApp durante o serviço no DF. A medida, inédita no país, visa à segurança dos profissionais, mas divide opiniões

Nathália Cardim, Flávia Maia
postado em 15/07/2014 07:00
Josélio Falcão diz que o celular é útil no serviço, mas defende punição a quem o utiliza de forma não profissional

O uso do celular no ambiente de trabalho se transformou em uma preocupação para os patrões. O controle entre a utilização para fins pessoais ou profissionais tornou-se um desafio para os gestores. Diante desse impasse, os sindicatos patronal e de trabalhadores da Construção Civil do Distrito Federal resolveram tomar uma atitude radical em relação aos aparelhos portáteis, como smartphones, tablets e dispositivos similares. A partir de setembro, os operários não poderão acessar a internet e as redes sociais nem responder mensagens instantâneas, como as de WhatsApp, nos canteiros de obras. Apenas as ligações serão permitidas, desde que autorizadas por um superior, e atendidas em um local delimitado pelo gestor. Nos intervalos, como o horário de almoço, o uso dos aparelhos fica liberado.

Em caso de descumprimento da regra, os operários ficam sujeitos às mesmas sanções aplicadas a quem não usar o Equipamento de Proteção Individual (EPI), o que pode levar até a demissão por justa causa.



As normas fazem parte de um acordo da categoria, e esta é a primeira vez que uma convenção coletiva da construção civil aborda o tema no Brasil. No entendimento tanto do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon) quanto do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brasília (STICMB), a medida visa à segurança do funcionário. O presidente do STICMB no DF, Edgard Viana, afirma que a restrição do uso do celular nos canteiros de obras vai contribuir para diminuir acidentes e mortes. ;A gente já tinha uma preocupação com o uso do celular por aumentar a chance de risco de acidentes. O que a gente quer é que o canteiro de obras seja um lugar seguro;, afirmou.

Segundo o diretor de Políticas e Relações Trabalhistas do Sinduscon-DF, Izídio Santos Junior, os patrões começaram a pensar o assunto depois que um operário morreu, na Bahia, ao ser atropelado por um caminhão em uma obra porque estava distraído com um fone de ouvido conectado ao celular. ;O uso de aparelhos eletrônicos, como o celular, tira a atenção do operário, que pode não fazer o uso correto de um EPI, por exemplo, e aumentar os riscos de um acidente;, analisou.

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