Cidades

Merendeira supera obstáculos, passa em concurso e consegue mestrado na UnB

Magna Pereira da Silva deu o primeiro passo quando conseguiu ser aprovada como merendeira da Secretaria de Educação

postado em 27/07/2014 08:15

Aos 8 anos, Magna Pereira da Silva sabia que havia nascido para cozinhar. Começou com os ensinamentos dos pais. Aos 15, fazia cursos de doces e de bombons. Com a prática, ganhava elogios de todos os que provavam cada iguaria. Só nunca imaginou que poderia complementar o que aprendeu na cozinha em uma universidade. Muito menos que se realizaria profissionalmente com a culinária. Deu o primeiro passo, quando conseguiu ser aprovada como merendeira da Secretaria de Educação. Na época, estava na reta final do curso de gastronomia. Era pouco para a moradora de Ceilândia. Aos 40, com uma especialização no currículo, Magna perseverou e conseguiu entrar para o mestrado na Universidade de Brasília (UnB).

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Mas foi difícil chegar à academia para iniciar o processo de se tornar mestre. Magna passou percalços, que envolviam falta de dinheiro e de apoio, preconceito e até problemas de saúde na família. Todos superados pela certeza de que ;a vida só se transforma por meio da educação;. A convicção começou muito cedo, mas só pôde ser aplicada depois dos 36 anos. Isso porque, aos 16, ela engravidou. Teve uma filha. Concluiu o ensino médio com a ajuda dos pais no cuidado com a menina. E foi justamente a maternidade precoce que mostrou a ela o potencial da capacitação.

A tecnóloga em gastronomia fazia questão de ensinar todos os deveres à pequena. ;Deu muito certo. Com 17 anos, ela passou na UnB pelo Programa Avaliação Seriada (PAS). Quis mudar de curso e foi aprovada no vestibular;, conta, orgulhosa. Magna casou e teve outros dois filhos. A família acreditava que ela deveria passar em um concurso para ser bem sucedida. Com o apoio do marido, estudou para diversos certames. Foi aprovada para a Secretaria de Saúde do DF, mas não era o que imaginava. Deixou o cargo.

Aos 36 anos, decidiu que entraria em uma universidade. O problema é que a gastronomia custa caro, e ela não tinha dinheiro para pagar. Passou em dois vestibulares. Um deles, o da Universidade Católica de Brasília (UCB). Sabia que não podia pagar, mas foi até a secretaria e tentou uma bolsa de estudos. ;Eles me orientaram a fazer a matrícula e, depois, pedir a bolsa. Mas onde conseguiria os R$ 700 que me pediram na época?;, questiona. Deu um jeito. O pai emprestou R$ 200; o marido R$ 200; e outras amigas completaram o valor. ;Depois disso, consegui a bolsa de 100%;, relata.

Durante o curso de tecnóloga, com duração de dois anos, aprendeu muito da culinária sofisticada, aperfeiçoou os conhecimentos em pratos mais simples e ainda adquiriu noções de higiene e de conservação dos alimentos. Apesar de todos os pontos positivos, percebeu que o curso precisava de pessoas mais sensíveis, que aproveitassem os conhecimentos empíricos dos alunos. ;Isso me fez querer ir além. Pensei que, se pudesse dar aula, poderia fazer diferente;, afirma.

Experiência


No fim do curso, em 2010, Magna foi chamada para assumir o cargo de merendeira na Secretaria de Educação. Ela lutou para conseguir a vaga. Teve de entrar na Justiça, pois o governo da época havia contratado terceirizadas, mesmo diante de uma lista de aprovados no concurso à espera de um espaço. ;Já tinha as noções de higiene e dos equipamentos a serem usados. A minha cozinha era um brinco, todos gostavam;, conta. Em pouco tempo, assumiu um cargo na direção.

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