Jornal Correio Braziliense

Cidades

Ringue eleitoral: Ataques entre candidatos devem pautar corrida ao Buriti

Às vésperas do programa gratuito de televisão e de rádio e após primeiro encontro entre eles, postulantes ao governo do DF começam a buscar o ataque. Divulgação de pesquisas também faz estratégias de campanha receberem alterações

Depois do enfrentamento direto entre os candidatos no primeiro debate da campanha, as estratégias eleitorais de cada concorrente começaram a ficar mais claras na corrida ao Palácio do Buriti. Além de expor propostas para as principais áreas, como saúde, transporte e educação, eles elegeram alvos preferenciais para críticas e ataques.

Ao fim do confronto, realizado na noite de quarta-feira pela Associação Comercial do DF, os candidatos e seus assessores debateram novas táticas para a disputa, que serão aplicadas paralelamente ao trabalho já desenvolvido desde o início da campanha, como caminhadas, panfletagens e visitas às cidades do DF. Ficou evidente que o debate será pautado pelas críticas contundentes. A aposta de todos é acentuar eventuais pontos frágeis dos adversários.

As estratégias também serão pautadas pela primeira pesquisa divulgada nesta campanha, do Ibope/TV Globo, que coloca o ex-governador José Roberto Arruda (PR), em primeiro lugar, com 32%. Com margem de erro de três pontos percentuais, o levantamento aponta o governador Agnelo Queiroz (PT), com 17%, e o senador Rodrigo Rollemberg (PSB), 15%, em empate técnico. Toninho do PSol e Luiz Pitiman (PSDB) têm o mesmo percentual: 6%. Perci Marrara (PCO) vem com 1%.

A pesquisa não chega a ser uma surpresa para os estrategistas de campanha, que já têm consultado os números diariamente. Mas define ainda mais o caminho daqui para a frente. Pelos levantamentos analisados, haverá segundo turno. Por ora, a maior probabilidade é de que Arruda, Agnelo e Rollemberg dispute os dois lugares na próxima rodada. Dessa forma, o embate deve endurecer entre os três no horário eleitoral e nos próximos debates. Toninho e Pitiman, por sua vez, precisam crescer para garantir um espaço no páreo entre os favoritos. Para isso, como numa maratona, terão de ultrapassar todos os adversários. A estratégia é ressaltar as próprias qualidades e reduzir a dos demais.

Debates
A experiência no debate de quarta-feira levou a coordenação de campanha do governador Agnelo Queiroz (PT) a optar por ir somente a eventos organizados por órgãos de imprensa a partir de agora. O candidato à reeleição saiu do auditório da Associação Comercial depois que a coordenação concedeu um direito de resposta a Arruda. O benefício foi considerado inadequado pelos integrantes do QG de Agnelo. Os responsáveis pela campanha, aliás, ficaram divididos entre ir ao debate desta semana ou não, mas, no fim, acabou prevalecendo a tese de comparecer.

Além da decisão sobre debates, a orientação é para que Agnelo e Tadeu Filippelli continuem reforçando a parceria entre os grupos e destacando as realizações em três anos e meio de governo. O mote é falar que a atual gestão fez muito, quer fazer mais e, para isso, precisa de mais quatro anos. O grupo também insiste em estabelecer um divisor de águas entre a atual gestão e a de Arruda. O governador tem dito que assumiu um caos deixado pelo seu antecessor. Mas ele também não poupa antigos aliados de críticas, caso do senador Rodrigo Rollemberg (PSB) e de Luiz Pitiman (PSDB). Sempre que pode, o petista ainda tenta se aproximar do nome da presidente Dilma Rousseff.

O ex-governador José Roberto Arruda (PR) garante que não haverá mudanças substanciais na condução da campanha. ;Vou continuar fazendo campanha centrada no corpo a corpo com a população e na comparação dos três anos do meu governo com os quatro anos da atual gestão;, explicou o candidato do PR. Mas coordenadores da campanha de Arruda decidiram restringir a ida do ex-governador a debates.

Além de disparar críticas duras a Agnelo Queiroz, o comando da candidatura do ex-governador está preocupado com o crescimento de Rodrigo Rollemberg (PSB) nas pesquisas. Mas, apesar da perspectiva de enfrentar o candidato do PSB em um segundo turno, já vislumbrada por aliados de Arruda, ele não pretende centrar fogo no socialista por enquanto. O ex-governador espera que os ataques diretos a Rollemberg partam de Agnelo.

A coordenação da campanha de Toninho do PSol também optou pela estratégia de restringir a participação do candidato em debates. Assim como os adversários, ele só pretende comparecer a eventos organizados por órgãos de imprensa, como grandes redes de televisão, rádio ou jornal. ;O formato foi muito confuso, não permitiu o fluxo de ideias e a exposição de projetos e propostas. Pela experiência das eleições anteriores, os grandes órgãos de tevê e os jornais conseguem promover eventos mais proveitosos.;

Além disso, Toninho tem uma nova prioridade depois do debate da última quarta-feira: focar ataques em José Roberto Arruda. ;Ele foi extremamente agressivo em seus posicionamentos, como se nada tivesse ocorrido na Justiça contra ele. O Arruda é ficha suja, tem condenação em segunda instância na Justiça, e isso precisa ficar muito claro;, justificou o concorrente do PSol. ;Não entendi a passividade dos outros candidatos com relação a isso, enquanto ele estiver na disputa, é preciso bater nessa tecla sem parar;, comentou Toninho.

Sem agressão
No debate, o tucano Luiz Pitiman tentou ficar fora da batalha aberta entre Agnelo e Arruda. Ele já havia antecipado em entrevista ao Correio que não se envolveria diretamente na disputa entre eles. Com essa postura, a expectativa é de capitalizar eleitores descontentes com as agressões mútuas entre os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas. O deputado federal tem defendido fazer uma campanha propositiva, mostrando o que pretende fazer pela cidade caso seja eleito. Além disso, ele tem tentado destacar suas realizações como parlamentar e a experiência que já teve no Executivo local (fez parte da área de obras nos governos de Arruda e Agnelo) e na do candidato Aécio Neves no governo de Minas Gerais.

Pitiman tem dito que o fato de ser menos conhecido do que os demais seria favorável para tentar atrair a atenção de eleitores descontentes com a política. O principal parceiro da sua coligação, o PPS, foi trazido de última hora e a totalidade do partido não se integrou à campanha. Procurado ontem, o candidato do PSDB não quis fazer qualquer comentário sobre se a estratégia adotada a partir de agora mudará após o debate de quarta-feira.

Já Rollemberg pretende a ir a todos os debates e vai aproveitar a ausência de Arruda e Agnelo nos encontros para exibir as próprias qualidades. O jornalista Hélio Doyle, coordenador da campanha do socialista, afirma que o candidato está otimista com os resultado das pesquisa Ibope que o apontou com a menor rejeição entre os adversários: 7%. Agnelo aparece com 46%, Arruda, com 32%. Toninho e Pitiman têm 8%. ;Pelos números de rejeição, fica claro que Rollemberg estará no segundo turno com Arruda ou Agnelo. Ele vai apresentar propostas que ressaltam as vulnerabilidades dos adversários, mas sem partir para a pancadaria;, diz.