Cidades

Liberação de presos assusta a população de Planaltina de Goiás

Os moradores temem o aumento da criminalidade na região, onde a cadeia pública está interditada e a delegacia, em condições precárias

postado em 27/08/2014 06:01

Seis detentos ocupam uma cela pequena na delegacia da cidade. No presídio, há superlotação

A interdição da cadeia pública de Planaltina de Goiás e a soltura de seis detentos da Delegacia de Polícia Civil na última semana fizeram crescer a insegurança e medo entre a população. A unidade prisional fica na área central da cidade e, por causa da falta de estrutura e das condições precárias, a Justiça proibiu a entrada de novos presos no local. Com isso, além dos liberados, a qualquer momento, mais criminosos podem voltar às ruas.

O aposentando Aldy Ribeiro, 58 anos, teme o aumento da criminalidade na região. ;Sabemos que, quando a Justiça toma esse tipo de decisão, ela tem parâmetros para fazer, mas nós, moradores, não concordamos com isso. O bandido é um fora da lei. Sabendo que não haverá lugar para ficar, cometerá mais crimes ainda, pois sabe que ficará solto;, afirmou. Morador de Planaltina há 30 anos, o aposentado definiu a cadeia da cidade como um erro de planejamento do estado goiano. ;Precisam construir outra logo. Do jeito que está, também é impossível algum preso ficar por lá.;

O comerciante Jamar Vieira Braga, 37 anos, vende roupas na cidade. Em dois anos, a loja dele sofreu seis assaltos. Agora, atende os clientes com as portas fechadas. ;A situação dessa cadeia é muito antiga. Não fazem nada. Deviam construir um presídio longe do município;, sugeriu. ;A tendência é aumentar a criminalidade. A sensação de impunidade está no ar.;

O Correio visitou ontem a delegacia da cidade, que fica no Setor Aeroporto. A unidade, assim como a cadeia pública, não tem condições de receber presos. Há duas celas, mas uma está interditada para reforma. A outra é pequena e recebe seis homens. Não tem colchão, luz e água. Desde a decisão da Justiça sobre a interdição da cadeia pública, o delegado titular, Cristiomário Medeiros, envia à Justiça e à diretoria do presídio um relatório diário com a quantidade de homens no local. ;A direção da cadeia não respondeu em nenhum momento. Sabemos que a delegacia não tem condições de abrigar mais gente aqui. Precisamos de um empenho maior deles para resolver a situação;, cobrou.

A cadeia do município, por exemplo, deveria comportar 54 pessoas. O juiz Carlos Gustavo Fernandes, responsável pela liminar de interdição e pela de soltura dos detidos na delegacia de Planaltina, estendeu o número para 146. Hoje, a unidade está com 176. O excedente deve ser transferido para outros locais. ;Não tem condições. É uma condição subumana;. A reportagem teve acesso ao relatório da decisão que impediu o ingresso de presos no presídio. Nele, há fotos que revelam a situação dos detentos, com celas superlotadas, teto de madeira, fiação exposta e esgoto a céu aberto.

Por meio de nota enviada pela assessoria de Comunicação, a Secretaria da Administração Penitenciária e Justiça de Goiás informou que aguarda a resposta das comarcas vizinhas a Planaltina para o início das transferências dos presos. ;Em relação ao presídio, que já tem recursos garantidos para a abertura de 388 vagas, a execução da obra e a fiscalização são da responsabilidade da Agetop (Agência Goiana de Transportes e Obras). A instituição está com uma obra em andamento para a ampliação da unidade atual, com mais 88 vagas;, concluiu.

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