Há mais de um século e meio, na Índia, uma menina de 4 meses com crises epilépticas graves recebia uma dose de canabidiol como última tentativa dos médicos de salvar a vida dela. Funcionou. Isso foi em 1843, há 171 anos. No Brasil, a discussão se acirra à medida que um número maior de pais travam batalhas judiciais para ter o direito de importar o produto e proporcionar mais qualidade de vida aos filhos doentes. Para especialistas, o debate sobre a liberação da maconha medicinal está contaminado pelo desejo de uma parcela da população de ter a autorização do governo para o uso recreativo. O resultado é que, até agora, pouco se avançou nos dois campos de batalha.
Para o neurocientista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Renato Malcher, a classificação da maconha e derivados como ilegal foi um crime. ;Até o fim do século 19, o extrato de canabidiol era vendido em farmácias. A proibição criou muito mais problemas do que cuidou da questão do abuso. A maneira como a sociedade passou a lidar com todas as substâncias derivadas da canabis causou sofrimento, morte e atraso na ciência;, critica.
Ontem, o pesquisador defendeu o uso do canabidiol durante o congresso da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento, em Búzios (RJ). ;O canabidiol é a nova esperança para tratar sintomas do autismo;, afirmou. Em um ano, sairá das mãos dele um relatório com os resultados do uso do canabidiol em 15 pacientes da Paraíba com síndrome de epilepsia grave e sintomas de autismo que não respondem a outros medicamentos . ;Vamos registrar o processo e relatar os resultados. Quando completar dois anos, faremos outro relatório, e assim por diante;, conta. Ricardo Malcher também vai iniciar uma pesquisa com derivados da maconha. A pesquisa está bem no começo, e os testes serão em roedores e primatas.
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