Cidades

Escola tem um papel fundamental para evitar o racismo desde cedo

A criança começa a se deparar cedo com o problema da discriminação racial. Segundo especialistas, o colégio pode ajudar também com uma outra forma de contar a história dos negros

postado em 21/09/2014 07:20

Bruna, com a mãe e o pai: preconceito aos 13 anos ainda machuca, mas a jovem supera de cabeça erguida

Ver um filho cabisbaixo, sem ânimo para brincar ou ir à escola, é razão de preocupação para qualquer pai ou mãe. Se o motivo for racismo dentro da sala de aula, a situação passa a ser mais complicada. Há cerca de três anos, a vendedora Vânia Beatriz de Souza da Silva, 49 anos, enfrentou um dos piores problemas da sua vida: o preconceito por causa da cor de pele contra a filha, Bruna, à época, com 13. A garota foi discriminada na unidade de ensino em que estudava e agredida com xingamentos de ;macaca; e ;gorila;. No auge da adolescência, a menina evitava ir ao colégio. Depois de tratamento psicológico, a família se sente recuperada. Mas não totalmente.

;Eu precisei ir ao colégio, tivemos que fazer tratamento, foi uma fase muito difícil. Passou. Depois, não fizeram mais isso, mas ainda sinto que ela segue com receio;, revela Vânia. O pai de Bruna não soube do ocorrido durante o período porque tem o temperamento muito forte. A mãe segurou a barra para ajudar a filha a superar o momento. ;Tem que ser guerreiro para dar suporte a ela. Infelizmente, a gente sempre vê esse tipo de coisa. Eu precisei explicar que essas coisas acontecem, mas que tínhamos que levantar a cabeça;, conta Vânia.

Os casos de racismo nas escolas não são restritos às relações de estudantes. O Correio mostrou na edição do sábado da semana passada que a Secretaria de Educação, por meio da Coordenação de Educação em Diversidade, investiga atualmente a postura de um professor da rede pública acusado de supostamente discriminar um aluno. Ele teria dito à criança que ela não conseguiria aprender o conteúdo por ser negra. De acordo com informações da Polícia Civil do DF, a cada dia, pelo menos uma pessoa procura uma delegacia para denunciar casos generalizados de racismo ou de injúria racial. Nos primeiros 50 dias do ano, foram 65 registros. A média é de 1,3 a cada 24 horas.

Abordagem
Especialistas ouvidos pela reportagem defendem a abordagem do assunto pelas escolas o quanto antes. A identificação, a valorização ou o preconceito com as diferenças será formado de acordo com a exposição. Para a professora da Universidade Católica de Brasília (UCB) e representante do Movimento Social das Organizações Negras Isabel Clavelin, o conteúdo antirracismo deve acompanhar e constar em todo histórico escolar da criança. Um exemplo, segundo Isabel, é observar como meninos e meninas são instruídos a se desenharem. ;Quando vai pegar o lápis de cor, o negro pega que cor? Geralmente, muitas crianças são impedidas de pegar o marrom para pintarem sua pele no desenho. Mas esse ato não pode ser impedido. Quando pega o marrom e se pinta, está se reconhecendo;, afirma.

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