Cidades

Adolescente de 15 anos vai representar o DF em Jogos Escolares da Juventude

'No Brasil, ele não tem adversários', diz o professor, em relação ao morador do Recanto das Emas e que começou a praticar a modalidade por ser hiperativo

Luiz Calcagno
postado em 27/09/2014 08:12
Ao falar sobre o xadrez, o adolescente Diogo Alves Maciel, 15 anos, é capaz de reproduzir, em poucos minutos, diversas partidas diferentes. Ele lembra de cor as próprias jogadas, as de vários adversários e também de grandes xadrezistas, que acompanhou em livros sobre o esporte. Explicando o movimento das peças, o jovem percorre o tabuleiro a uma velocidade difícil de acompanhar. Ele vai usar todo o domínio que tem do jogo ao representar o Distrito Federal nos Jogos Escolares da Juventude, de 2 a 15 de novembro, em João Pessoa ; com chances reais de levar a melhor.


Diogo compara o xadrez à vida: 'Você pode pegar o caminho mais fácil ou escolher o mais desafiador'

;No Brasil, na idade de Diogo, ele não tem adversários;, discursa o professor de educação física da rede pública Luciano Moreira Marinho, instrutor do jovem no tabuleiro. Um talento descoberto por causa da ;danadice; do menino. Os professores o encaminharam para o xadrez a fim de controlar a hiperatividade, quando ele tinha 8 anos. Ele realmente ganhou mais disciplina, melhorou o desempenho em matemática, mas admite que continuou inquieto. ;É um lado meu que ainda estou tentando mudar. Meus amigos sabem do meu jeito;, ri, sem graça. De qualquer forma, Diogo não largou o xadrez ; mas ele pensa bastante antes de responder o porquê dessa atração. ;É um esporte de raciocínio, que tem a ver comigo. O xadrez trouxe foco para minha vida, para mostrar quem eu sou, me descobrir, obter resultados. Ele (o jogo) me ajuda na escola e até no tênis de mesa, que também pratico e também exige esforço mental. Compreendo melhor o mundo;, afirma.

O foco é necessário no dia a dia também. O rapaz foi criado pela avó e mora em uma residência humilde no Recanto das Emas. Conta as moedas para participar dos torneios da Federação Brasiliense de Xadrez (FBX). Só anda a pé e de ônibus. E confirma: além de ajudar no raciocínio, o jogo o ajuda a lembrar quem é ele. ;Já me chamaram para sair, para fumar, beber, mas eu não vou. O xadrez me protege de más influências. Sei que, se eu quiser continuar investindo nele, tenho que estar fora das ruas. Não é um esporte que tenha muita atenção no Brasil, mas quem se dedica consegue espaço. É o que eu quero.;

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