postado em 08/10/2014 18:50
A falta de pagamento levou a suspensão da entrega de 6,5 mil refeições diárias nas unidades da rede pública de saúde. A empresa responsável por fornecer o alimento a pacientes internados e servidores dos hospitais não recebe do Governo do Distrito Federal desde agosto deste ano. Por enquanto, somente as pessoas internadas e os acompanhantes recebem a comida, mas podem ficar sem alimentação nos próximos 15 dias. A dívida do GDF com a Sanoli é de R$ 14 milhões até o momento, mas pode subir para R$ 26 milhões caso o valor de setembro não seja quitado nos próximos dias.Desde ontem, 16 hospitais da rede pública e quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estão sem receber as refeições dos servidores. Entre eles, os hospitais de Base do DF (HBDF) e o Regional da Asa Norte (Hran). Outras 6,2 mil para pacientes e 2,5 mil para acompanhantes correm o risco de serem suspensas porque o estoque da empresa está acabando. A Sanoli alegou que, sem o pagamento do governo, não consegue comprar os alimentos dos fornecedores, principalmente os perecíveis. Cerca de 1,2 mil funcionários foram afetados com a suspensão do café da manhã, do almoço, do jantar e da ceia.
Sem alimentação, os servidores dos hospitais fazem o que podem para cumprir o turno de 12 horas. Na cardiologia do Hospital de Base do Distrito Federal, os trabalhadores fizeram uma vaquinha para comprar alguns produtos. "Temos que trazer de casa ou cozinhar por aqui. Ontem, fizemos um almoço e, o que sobrou, o pessoal do turno da noite comeu", contou a técnica em enfermagem Elza Aparecida Reis Almeida, 40 anos. Há 25 na unidade, ela disse nunca ter presenciado uma situação como essa. "Não sabemos o que vai acontecer e ninguém nos procurou para dar uma explicação", lamentou.
A diretora do Sindicato dos Enfermeiros do DF (SEDF) Gleissany Ribeiro disse que os profissionais já se reúnem para discutir qual medida tomar nos próximos dias. "Recebemos um tíquete com valor irrisório porque alegam que nós ganhamos as refeições. Mas o que está acontecendo agora fere nosso direito de trabalhador", reclamou. O presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (Sindate-DF), João Cardoso, reforça que os principais prejudicados são os funcionários do período noturno. "À noite, não tem opção para sair e comer em algum lugar. A gente fica limitado a trazer de casa", completou.
Conta em aberto
A assessoria de imprensa da Sanoli ; Indústria e Comércio de Alimentação Ltda. informou que o GDF não pagou a conta de R$ 12 milhões referente a agosto e ainda tem um débito de R$ 2 milhões de janeiro deste ano. Em breve, segundo eles, o mês de setembro será fechado e o valor total da dívida pode chegar a R$ 26 milhões. A empresa alegou que não tem dinheiro para pagar os funcionários nem os fornecedores de alimentos perecíveis e só tem estoque para garantir a alimentação dos pacientes internados, no máximo, até 15 dias.
Procurada, a Secretaria de Saúde se pronunciou por meio de nota e disse que está ciente do atraso do pagamento das parcelas e que "os gestores estão empenhados em resolver o caso de forma a não afetar os serviços prestados à população". No entanto, o órgão não informou quando o débito será quitado e o serviço, normalizado.
A nota informa ainda que, contratualmente, a Sanoli deve executar os serviços por 90 dias, independente do repasse financeiro, mas a empresa descumpriu o acordo. A secretaria acrescentou que entrou com uma medida cautelar no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) para garantir o serviço. A empresa, no entanto, disse que não vai se pronunciar sobre essa questão porque não foi notificada judicialmente.