Isa Stacciarini
postado em 09/10/2014 06:01
Parte dos acidentes fatais no DF é explicada pelas interferências nas vias urbanas e distritais. Muitas mortes no trânsito, diferentemente do que se imagina, não estão associadas exclusivamente ao excesso de velocidade. Pelo menos 20% das fatalidades aconteceram quando o condutor fazia retornos improvisados, manobras ilegais em entrocamentos, cruzamentos irregulares ou acessos clandestinos. É o que mostra estudo coordenado pela Associação Brasileira de Criminalística (ABC), com apoio do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e da Polícia Civil. A equipe investigou 391 colisões com mortes em 2012, tendo como base ocorrências, laudos de perícia criminal e do Instituto de Medicina Legal (IML).
A pesquisa mostra os locais desses acidentes ; eles geraram um custo de R$ 200 milhões para o Estado ; e apresenta soluções viáveis para garantir mais segurança. No ano das ocorrências, a BR-070, na altura de Ceilândia, acumulou 17 fatalidades. O problema da rodovia são: acessos clandestinos, retornos improvisados e interrupção do tráfego. O presidente da ABC, Bruno Telles, explicou que as sugestões para o ponto seriam a instalação de barreiras eletrônicas e a transformação de retornos em rotatórias. ;Se as soluções fossem implantadas, seria possível reduzir em 25% os acidentes de trânsito que acontecem por ano;, afirmou.
Na mesma rodovia, na altura da QNO, além do desrespeito dos motoristas, o Correio flagrou pedestres ignorando a passarela e atravessando a pista. Um deles, o aposentado Raimundo Costa, 66 anos, arriscou-se entre os carros. Apesar do perigo, ele tem a resposta pronta para o motivo de não fazer a travessia suspensa. ;Se eu fosse pela passarela, daria uma volta muito maior. Eu atravesso entre os veículo e espero a hora exata de ir. Perigo, todo mundo corre a qualquer hora, isso depende de cada um. Passo pela rodovia porque tenho consciência;, defendeu.
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Perigos
BR-070, na altura de Ceilândia
Os motoristas usam um trecho de terra como atalho para a rodovia. O Correio flagrou carros, motocicletas e caminhões. Um dos veículos identificados era uma ambulância do governo de Goiás. A Secretaria de Saúde goiana explicou que a placa do referido carro não estava registrada no sistema estadual. O outro foi um fiat Uno do GDF. O governo disse que o veículo é de responsabilidade da Secretaria da Criança, e um processo administrativo vai apurar o caso.
BR-070, passarela da qno
Na altura da QNO, em Ceilândia, há uma passarela, mas pedestres se arriscam ao atravessarem a rodovia entre os carros. A maioria corre perigo para chegar ao ponto de ônibus. Alega ser mais rápido cruzar a via dessa forma. Segundo o estudo coordenado pela ABC, em 44% dos atropelamentos de 2012, a vítima morreu no local. A pesquisa também mostrou que 77% delas são homens, como o Correio flagrou ontem pela manhã.
BR-040, na altura de Santa Maria
Um retorno na rodovia próximo ao posto fiscal da região é usado por motoristas como cruzamento irregular à direita da via. Os condutores atravessam diante do tráfego para acessar uma estrada de terra. Em meia hora, o Correio registrou um caminhão e dois carros utilizando esse trecho. No mesmo ponto, também não há uma pista de aceleração para o condutor, o que provoca riscos de acidente, segundo a pesquisa.
VIADUTO ENTRE TAGUATINGA E SAMAMBAIA
Em 2012, foram registradas cinco ocorrências fatais no local. O viaduto permite o cruzamento das avenidas QNL, sentido Samambaia, e Elmo Serejo. Segundo o estudo, é preciso instalar barreira eletrônica para 40km/h no trecho e ressaltar as faixas entre as pistas. A maioria das vítimas era homem e tinha entre 21 e 45 anos. Os pesquisadores também ressaltam a importância do teste do bafômetro em acidentes que acontecem no trecho, uma vez que o álcool estava presente em 60% das colisões.
[SAIBAMAIS]
CRUZAMENTO DA BR-251 COM A DF-473, EM SÃO SEBASTIÃO
Segundo a pesquisa, os veículos que transitam na BR-251, entre Distrito Federal e Unaí, param no retorno à direita da pista para acessar a DF-473, em direção a São Sebastião. No entanto, no entroncamento, o motorista fica exposto por quem passa no sentido contrário da rodovia. O trecho é conhecido como trevo da morte por moradores da região. Em 2012, foram cinco acidentes fatais no local, e a pesquisa estima que o número é 20 vezes maior com colisões sem vítimas.
AVENIDA ALAGADOS, EM SANTA MARIA
A totalidade dos acidentes que aconteceu no local em 2012, de acordo com a pesquisa, envolve motociclistas e ciclistas. A maioria dos veículos sob duas rodas invade a vida por um retorno improvisado ou por um acesso clandestino. Os motoqueiros que morreram no ano das ocorrências tinham menos de 25 anos. Em relação aos ciclistas, a maioria deles estava embriagada, conforme resultado da perícia e do exame do IML.