postado em 09/10/2014 06:02
Com os móveis e os revestimentos produzidos com material sintético ou reutilizado, surgiu também um novo segmento de mercado: o do design gerador de transformação. É quando a madeira de demolição e as garrafas pet, por exemplo, ganham status de matéria-prima verde (ecologicamente correta) e descolada. Na segunda edição do projeto Retrato Brasília, realizado pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em parceria com o Correio Braziliense, as atenções se voltaram para esse segmento, que confere beleza e resistência a partir de apetrechos comuns.
A ação reuniu ideias executadas em Brasília, como a fábrica de mobiliário Baru Design. Fruto da parceria de Thiago Lucas e Bruno Antunes, a empresa brasiliense produz móveis com madeira reaproveitada, coletada principalmente dos canteiros de obras da cidade. ;A ideia surgiu ainda na faculdade, onde a proposta era trabalhar com design socioambiental. Percebemos que muita coisa ia para o lixo em perfeito estado e, aí, vimos uma oportunidade de crescimento;, conta Thiago.
Os móveis são produzidos pela cooperativa Sonho de Liberdade, cujos trabalhadores são todos ex-presidiários. ;Eles já trabalhavam com o aprimoramento da madeira, cerrando e tirando ferragens a fim de fazer estacas para campanhas publicitárias. Para eles, a madeira não tinha valor. Conseguimos reformular o destino da matéria-prima e, hoje, a parceria se mostrou muito rentável para as duas partes;, acrescentou Thiago.
Para o criador e coordenador do Retrato Brasília, Jackson Araújo, mais do que uma forma de expressão artística, o design é um estímulo de resposta. ;O design útil, como gosto de chamar, vai além da categoria de arte, de forma. Os objetos não são feitos com função apenas decorativa. Trazem, dentro do seu escopo de criação, a propagação do bem;, sugere.
Experiência
Criada em 2011 pela artista plástica Nina Coimbra, a linha DFeito também participou do Retrato Brasília deste mês. ;Foi ótimo trocar experiências e conhecimentos com pessoas da área;, conta. A empresa dela é especializada em reformular objetos antigos ou com defeitos. De acordo com Nina, dá para brincar com tecidos e remanejar estruturas, como tirar uma perna da cadeira, por exemplo, e montar um tripé. ;Você pega um objeto descartado e consegue fazer um novo produto;, explica. Para conseguir matéria-prima, Nina Coimbra conta com antiquários e até lixeiras. ;Não existe um lugar certo para conseguir esse material. Ganhei de amigos, comprei de lojas, peguei no lixo. É assim;, conclui.
Para saber mais
Efervescência cultural
O projeto Retrato Brasília fez um mapeamento das expressões de arte brasilienses e, por meio dele, promove, uma vez por mês, debates e exposições voltadas a um determinado tema. Em setembro, primeiro passo da iniciativa, foram abordados os títulos genéricos da arte. Agora, discutiu-se o design. A próxima discussão trata sobre empreendedorismo. Ocorrerá em 10 de novembro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).