A hora do almoço não serve mais exclusivamente para comer. Com a baixa nos preços de serviços oferecidos entre o meio-dia e as 14h, é possível fazer aulas em academias, aprender um novo idioma e até complementar os dotes culinários. E o melhor, os custos podem ser reduzidos pela metade. O hábito de aproveitar cada brecha livre na agenda é reflexo da vida corrida, mas também mostra que o brasiliense tem investido, cada vez mais, em atividades que aprecia ou julga necessárias para um melhor desempenho profissional.
Desde a inauguração, em 1959, a mais tradicional escola de francês da capital oferece aulas de manhã, à tarde e à noite. Pouca gente sabe, porém, que, no horário do almoço, sempre esteve disponível para quem sonha em aprender o idioma. ;Essa demanda é antiga. Alguns moram em locais afastados, mas trabalham no Plano Piloto. Eles aproveitam o intervalo para estudar;, explica a diretora da instituição, Elizabeth Ranedo.
A aula começa às 12h10 e tem duração de uma hora e 40 minutos ; o mesmo tempo das outras turmas. E qual a vantagem de sacrificar o almoço para aprimorar o francês? ;O preço é mais em conta (20% menor), mas o material e o aprendizado são os mesmos;, garante a diretora. Para a funcionária pública Camila Martins, 30 anos, o desconto é a melhor parte do pacote. ;Assumo que faço francês nesse horário porque é mais barato. Não gosto do horário, mas a situação me atrai;, afirma.
Foi nesse esquema de almoços rápidos e aulas mais baratas que ela conseguiu se formar em outras línguas e fazer alguns cursos profissionalizantes. ;É sempre mais barato;, garante. Apesar da praticidade e da folga no bolso, o horário não é muito popular. Na filial da Asa Sul, aproximadamente 120 pessoas estudam no turno alternativo, ou seja, 10% do total de alunos da unidade.
Em uma escola de gastronomia da Asa Norte, o cenário é outro: a aula de meio-dia é menor e mais voltada à prática. Ainda assim, o projeto é um sucesso. Durante uma hora (um terço do tempo convencional), a turma cozinha e, depois, degusta os pratos feitos durante a aula. ;A ideia é trabalhar com quem já sabe pilotar o fogão;, explica o professor Anderson Yotsumoto.
O programa foi iniciado em 2013 e custa 50% menos do que a versão tradicional. Mais turmas serão abertas no mês que vem, com 18 vagas. O menu é enxuto e focado em pratos principais, portanto, saladas e sobremesas ficam de fora. Por outro lado, clássicos como estrogonofe, peixes e até yakisoba são presença garantida.