Cidades

Gestantes do DF ganham apoio de doulas voluntárias no serviço público

Doulas são mulheres preparadas para acompanhar gestantes do início da gravidez até pouco depois do parto

postado em 30/10/2014 21:37
As mulheres grávidas do Distrito Federal poderão contar, a partir de novembro, com o serviço de 53 doulas que receberam hoje (30) certificado do curso de formação de Doulas Voluntárias. As novas doulas começam a trabalhar no dia 17, nos hospitais regionais das regiões administrativas de Sobradinho, Gama, Santa Maria e Planaltina.

Foi a primeira turma capacitada pelo projeto Doulas no Sistema Único de Saúde (SUS), resultado de parceria entre o Ministério da Saúde, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a Universidade de Brasília e a Rede pela Humanização do Parto e Nascimento.

As doulas são mulheres preparadas para acompanhar gestantes do início da gravidez até pouco depois do parto, dando informação, apoio para planejamento do parto e preparação física e mental ao casal e também para orientar nos primeiros cuidados com o bebê.



Com a atuação das voluntárias, os quatro hospitais vão ter as doulas disponíveis para acompanhar as gestantes no parto. Segundo Viviane Albuquerque, coordenadora do Curso de Doulas de Santa Maria, a intenção é que até julho de 2015 todos os centros obstétricos da rede pública no Distrito Federal tenham doulas 24 horas por dia, todos os dias.

Segundo a coordenadora, há estudos que mostram que quando existe uma doula no parto diminui o índice de anestesia e de cesáreas. ;A doula não é profissional de saúde, não interfere nos procedimentos médicos e de enfermagem, não atua no parto em si. O papel dela é dar conforto para a parturiente e acompanhá-la, orientá-la no posicionamento, nas manobras para relaxamento, dar conforto emocional e físico;, explicou Viviane.

Além de acompanhar as gestantes no parto, as doulas ainda farão grupos de grávidas para passar as informações, a tranquilidade e o apoio necessários nesse período da vida.

A enfermeira Thaís Severina da Silva, de 35 anos, contratou uma doula desde que soube que estava grávida de Helena. ;As doulas nos passam o que é a experiência no parto, passam aconchego, afeto. É ter uma pessoa ali te ensinando o que fazer e dando força;, acrescentou.

Ela relembra que a sua doula passou material para que ela se informasse e ajudou a planejar o dia do parto. ;Eu me senti muito segura no dia do parto. Foram 15 horas de trabalho de parto, e ela ficou junto o tempo todo, revezando com o meu marido. Ela me ensinou como me posicionar para o parto, as posições para aliviar a dor, e ainda atuou depois do parto.;

Thaís ressalta que teve acompanhamento médico durante toda a gravidez e foi liberada para ter o bebê em uma casa de parto. ;Certamente, a atuação dela [doula] influenciou na minha escolha pela casa de parto e na saúde da minha filha. Uma mãe tranquila e feliz, um pai tranquilo e feliz, os dois fazendo o melhor para o bebê, sem dúvidas traz saúde para o bebê;.

No Distrito Federal, o acompanhamento de uma doula particular custa entre R$ 800 e R$ 1.500. Elas costumam ter três encontros antes do parto com a gestante, acompanham o parto e têm três encontros depois, para orientar nos cuidados com o bebê. Além disso, as mães e um acompanhante participam de grupos gratuitos, nos quais recebem orientações.

Mas, apesar do trabalho de apoio, as doulas particulares ainda têm problemas para acompanhar as mulheres na sala do parto. Geralmente, a gestante tem que escolher entre o pai da criança e a doula para entrar na hora do parto.

Segundo Priscila Branco, apoiadora de maternidades do Ministério da Saúde, a lei prevê que cada gestante pode entrar na sala de parto com um acompanhante, mas não há uma determinação de que a doula pode entrar, além do acompanhante. ;Acaba que o médico é quem decide se pode ou não entrar;, disse Priscila. A apoiadora acrescenta que o ministério é favorável à atuação das doulas.

Em outros estados como Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo já existem doulas atuando na rede pública, e desde 2013 o Ministério do Trabalho e Emprego reconhece a tarefa como ocupação.

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