postado em 02/11/2014 17:35
Os brasilienses que foram ao cemitério reverenciar seus entes queridos neste domingo (2), Dia de Finados, e escolheram as flores para homenageá-los, encontraram uma variedade de opções e também de preços. Muitos reclamaram dos valores, mas a avaliação dos vendedores é que o preço teve que diminuir um pouco devido à alta concorrência e à resistência dos clientes em levar o principal produto comercializado nesta data.
Simone Nazaré, de 29 anos, foi com a família visitar o túmulo do irmão e da avó de seu marido, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul de Brasília. Ela disse que no ano passado pagava menos para vasos maiores de flores. ;Tudo está aumentando, né? Então está difícil da gente reclamar. É igual a vela, ano passado a gente comprou mais velas, foi mais barato. E esse ano, por acaso, a gente achou ali três [pacotes por R$ 5], mas a maioria é dois por R$ 5;.
;Já deixei para comprar aqui porque achei que estava mais barato. Mas está mais caro: um pacotinho de nada, R$ 5, R$ 6. Alguns que a gente encontrou muito pequenininhos, R$ 4;, reclama Joina Carvalho, 59 anos, que visitou o túmulo da filha. A dica de dona Maria Mendonça, 75 anos, que frequenta o da Campo da Esperança, é comprar em hipermercados. ;Já trago de lá. Eu já comprei algumas vezes aqui, é bem mais caro. Aí deixei [de comprar aqui], compro de lá;, diz, indicando uma sacola com três vasos pequenos de crisântemo, comprados cada um a R$ 2,40, contra R$ 5 no cemitério.
[SAIBAMAIS];Não tem como deixar de comprar. Eu achei caro, mas tem que comprar né?;, disse o fiscal homologador Tenêncio Alves da Silva, 51 anos, que foi ao cemitério com a mulher. Ele levou duas flores de plástico, adquiridas a R$ 10 cada. A aposentada Maria do Socorro, 68 anos, conseguiu pagar o mesmo preço do ano de 2013, mas encontrou algumas bancas onde o preço está maior.
Com as críticas e resistência dos consumidores, a solução de alguns vendedores foi manter o preço de anos anteriores ou até reduzi-lo. Risonete Rodrigues vende flores no cemitério há mais de quinze anos e credita o movimento menor deste ano ao fato de o feriado ter caído no domingo. Com isso, diz ela, muitas pessoas escolheram vir na sexta e no sábado. ;Cada ano que passa, os fornecedores aumentam muito mais, principalmente nesta época. A gente já compra [diariamente] pra vender nesse valor. Só que aí a gente não pode aumentar, porque tem muita gente que estão vendendo mais barato;, disse, anunciando que recorre a opções de flores de plástico, mais resistentes.
O dono da floricultura que funciona dentro do cemitério, Demian Machado, confirma que a solução tem sido conceder algumas promoções. ;Apesar de ter aumentado preço da compra, na hora de vender a gente está diminuindo. Tem que vender, o pessoal não está comprando realmente, então por isso que o preço abaixou;, disse. Segundo ele, o preço para revenda do vaso grande de crisântemo estava em R$ 6,50 no ano passado e agora está em R$ 8.
Com a ponderação dos comerciantes, alguns clientes não se queixaram dos valores. Para Iraci Rodrigues, o preço está acessível, ;deu pra comprar sem nenhum problema;. Ela não costuma frequentar o cemitério todos os anos, por isso não pôde fazer uma comparação. ;É uma simbologia, uma homenagem à pessoa que viveu muito tempo com a gente. A gente já sabe que a pessoa não está ali mais, somente os ossos, que vão virar pó. Então é mais pela questão da simbologia, de amar aquela pessoa;, diz
Já Cristiane Barbosa Guimarães, 25, optou pelo diferencial para enfrentar a concorrência. Ela confecciona flores artificiais, e embora tenha reduzido o preço que cobra diariamente, está satisfeita com o resultado das vendas. Ela levou cerca de 70 flores e em menos de três horas já havia vendido mais de 50. ;Trabalho com esse material, o EVA, aquele emborrachado que usa na escola para fazer bonequinhos para as crianças, e vou usando a criatividade para fazer;, explicou. A arte de Cristiane envolve vários tipos de flores, como papoula, rosa, ibisco, copo-de-leite, além de jarros.
Ela trabalha há dois anos e meio fazendo artesanato e o vendendo, junto com o esposo, que fabrica brinquedos para crianças. O preço, R$ 5 cada, hoje está pela metade: R$ 3 a unidade, mas sai a R$ 5 se o cliente levar duas. Esta é a primeira vez que ela escolhe a data de Finados e o cemitério como ponto de venda. ;Tenho mais vendas é quando eu trabalho no dia dos namorados, das mães, e em bares;, diz, segundos antes de escutar uma mulher perguntar o preço, elogiar o trabalho e lamentar: ;Por que você não estava aqui mais cedo? Comprei uma feia;.
De acordo com o major Augusto, o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, cerca de 200 mil pessoas devem passar pelo principal cemitério da capital federal. ;O movimento está intenso desde as 7h, diminuiu na hora do almoço. A gente acredita que mais de 100 mil já visitaram;, disse.