Cidades

Problemas em serviços públicos e na infraestrutura refletem abandono do DF

Para ouvir as queixas dos moradores, o Correio percorreu regiões administrativas, como Gama, Santa Maria e Paranoá, e identificou gargalos

Ailim Cabral, Isa Stacciarini
postado em 14/11/2014 06:01
Durante greve, usuários se arriscavam com transporte pirata
Próximo ao fim do ciclo político, problemas nos serviços públicos e na infraestrutura do Distrito Federal se acumulam e aumentam os transtornos para a população. Na lista de dificuldades, estão paralisações de rodoviários, falta de refeições nos hospitais e acúmulo de lixo nas ruas. A greve dos rodoviários da Viação Pioneira e da cooperativa Alternativa, por exemplo, acabou ontem, depois de oito dias. Pelo menos 200 mil usuários foram afetados. Em apenas um dia de interrupção da coleta de lixo, formaram-se montanhas de sacolas nos contêineres de todas as cidades. Para ouvir as queixas dos moradores, o Correio percorreu cidades como Gama, Santa Maria, Ceilândia e Paranoá e identificou os gargalos da administração pública.

Antes da solução com o transporte público, uma manifestação de 100 rodoviários no Paranoá resultou na prisão de dois motoristas: Raimundo Nunes Pereira, 45 anos, e Josivam Gonçalves de Sousa, 35. Eles são suspeitos de arremessar objetos que quebraram um vidro de um micro-ônibus. Durante a ação, os trabalhadores impediam a circulação de vans e ônibus piratas. Passageiros tinham que descer dos veículos. Os detidos foram autuados por arremesso de projétil, resistência e desacato. Os dois assinaram o termo circunstanciado e foram liberados.

No Paranoá, as vans e os micro-ônibus clandestinos cobravam R$ 3 para ir ao Plano Piloto. A volta para casa, no entanto, era ainda mais cara. Alguns chegavam a exigir entre R$ 6 e R$ 10 de cada pessoa. A vendedora Karen Rodrigues, 21 anos, tem gastado R$ 26 por dia desde que a paralisação teve início. ;Preciso entrar no trabalho às 14h, mas esses dias eu tenho chegado por volta das 15h30. Saio às 21h do serviço, mas só voltado para casa mais de meia-noite. Os veículos piratas rodam lotados e eu tenho medo, porque a gente nunca sabe se dá para confiar. Mas não tenho outra alternativa;, lamenta.

Depois de tanta confusão, o acordo da volta ao trabalho dos rodoviários da Viação Pioneira ocorreu em reunião na Procuradoria-Geral de Justiça, na sede do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), na tarde de ontem. Após mais de três horas a portas fechadas, a promessa saiu: o retorno dos ônibus às ruas do Distrito Federal ocorreria ainda na volta para casa ontem à noite. A negociação só foi possível porque a Viação Pioneira fez um empréstimo bancário de R$ 6 milhões no BRB a fim de pagar os salários e tíquetes-alimentação atrasados dos rodoviários. A remuneração é referente ao mês de outubro e tinha que ser depositada até 5 de novembro. A promessa é de que o valor seja repassado aos empregados hoje.

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