postado em 16/11/2014 08:09
Em dezembro, o Programa de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade de Brasília completa a maioridade com uma garantia do atual reitor: não será engolido pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Pelo contrário, abre um novo subprograma em 2014 e comemora a parceria com a educação básica. Após 18 anos da aplicação da primeira prova, o programa conseguiu quebrar o muro que verticalizava as relações. Hoje, em vez de as escolas correrem atrás do conteúdo das provas, as decisões sobre o que será abordado em aula e na avaliação são conjuntas. O Correio ouviu três gerações do PAS para saber o que pensam sobre o certame. Embora as visões sejam diferentes, eles relatam que a experiência os ajudou a amadurecer.Era 1995. O ex-diretor do Cespe, Lauro Morhy, assumia a reitoria.A vontade de instituir uma avaliação seriada, que não testasse o estudante somente em um vestibular, era discutida há 10 anos, e o documento para implantá-la começa a tomar forma. ;É uma oportunidade de avaliar melhor o aluno;, defendia Morhy.
No fim daquele mesmo ano, foi publicado o edital para o subprograma 1996-1998, o primeiro da história da seleção. Rafael Souza Maurmo, hoje com 33 anos, concluía a 8; série do ensino fundamental. Aluno exemplar, as notas na escola sempre eram excepcionais. Mas ele não conhecia o novo modelo de avaliação aplicado a partir de 1996 e não teve um resultado similar. Na última série do ensino médio, a ficha caiu. Estava longe da pontuação que o levaria para medicina. Nessa hora, recebeu um dos conselhos mais valiosos: ;Meu avô, engenheiro muito bem-sucedido, olhou para mim e disse: ;Não adianta fazer muitos exercícios. Você precisa fazer todos os exercícios;;, conta Rafael. Estudou mais. Só que ficou em 16;, quando só havia 15 vagas para medicina. ;Fiquei decepcionado;, lembra. Dias depois, a surpresa: passou em segunda chamada.
Esforço
Dez anos após Rafael Maurmo iniciar os estudos para o PAS, Gustavo Araújo, 24, acabava de concluir a prova do segundo ano do subprograma de 2005-2007. Aluno do Colégio Militar de Brasília, a rotina de estudos era levada a sério e com rigor. ;Diferentemente da maioria dos estudantes, comecei a investir no PAS desde o primeiro ano. Acho que esta é uma das maiores vantagens do programa: ele ajuda a melhorar o ensino médio. Assim, não terá uma formação deficiente;, acredita.
Enquanto Rafael e Gustavo viram o PAS se desenvolver, formaram-se e hoje são profissionais conceituados, Gabrielle Christina Alves e Bárbara Costa da Silva, ambas com 17, buscam uma vaga na UnB. Estudantes de escolas públicas, elas tentam a aprovação pelas cotas sociais. ;Eu me inspirei na minha tia. Ela já tinha feito e deu várias dicas para que eu levasse a sério desde o começo. Agora, preciso de 13 pontos para entrar no curso de geografia. Espero conseguir;, afirma Bárbara. A instituição das cotas para alunos da rede pública no PAS foi um estímulo. ;A gente acaba ficando para trás. Depois das cotas, pensei: existe um lugar para mim na UnB, e comecei a me esforçar. É difícil passar. A concorrência às vezes é maior do que pelo sistema tradicional;, constata Gabrielle.
A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, .