Jornal Correio Braziliense

Cidades

Jovem espera o maior de todos os presentes no Natal: voltar a enxergar

Na carta enviada ao Papai Noel, David da Silva, 14 anos, pede um transplante para recuperar a visão, bastante comprometida por uma doença na córnea

A tradição de escrever cartas para o Papai Noel é comum entre crianças, adolescente e até adultos. Bolas, bonecas, videogames, brinquedos são os pedidos mais corriqueiros. Mas o desejo de David Oliveira da Silva, 14 anos, é especial. Ele quer voltar a enxergar. O adolescente tem ceratocone ; uma doença na córnea ; e recuperar a visão somente será possível por meio de transplante. Uma lente especial, chamada Rose K2 também poderia ajudá-lo a melhorar a qualidade de vida temporariamente a um custo de R$ 1,2 mil. Mas a mãe do rapaz, Francinete Oliveira, 38 anos, está desempregada e não consegue comprá-la.



O jovem foi incentivado a enviar o pedido ao bom velinhho pelos professores do Centro de Ensino Fundamental 308, do Recanto das Emas, onde estuda. Há quatro anos, os docentes criaram o Natal Solidário. Eles tentam atender os pedidos das 750 crianças matriculadas na instituição. Acionam amigos, parentes, fazem todo o esforço possível para que elas tenham um Natal diferente. Muitos pedem cestas básicas, outros sonham com videogames. ;Não queria nada disso. Adoro desenhar, escrever, mas minha visão piorou muito no último ano. Todos os médicos que vamos dizem: ;seu problema é gravíssimo;, mas não conseguem resolver. Por isso, pedi ajuda ao Papai Noel; conta David.

Embora tenha idade para estar no ensino médio, o adolescente ainda cursa o 6; ano do ensino fundamental ; não é por falta de empenho, mas devido às dificuldades e também à vergonha de falar sobre a limitação. ;Muitas vezes, na aula de matemática, não consigo enxergar nada que está no quadro. Não digo nada, não vou ficar atrapalhando;, diz. Para conseguir ler, David precisa chegar muito perto do papel, o que já foi motivo de chacota entre os amigos. Com traços de desenhista profissional, o adolescente tentou fazer um curso de computação para se profissionalizar, mas esbarrou na doença. ;Como não consigo enxergar, tinha que ficar com o rosto colado no computador. O professor perguntava se eu queria entrar dentro da máquina e queria saber onde estavam os óculos. Eu não falava nada, mas não consegui dar continuidade ao curso;, conta David.

Diagnóstico
A mãe, Francinete, coleciona laudos. As visitas a oftalmologistas começaram em 2002, mas, somente em 2013, um dos médicos identificou a ceratocone de David como patologia grave. Foi a primeira vez que um profissional abordou a necessidade de um transplante. ;No mesmo dia, coloquei o nome dele na fila da espera dos transplantes. Mas, desde então, ele piorou muito e ocorreu um problema que retirou o nome dele da lista;, diz a mãe. Em maio último, Francinete recebeu uma carta da Secretaria de Saúde do DF informando que David tinha sido contemplado com a cirurgia. Ela e Davi foram ao local determinado e, lá, esperaram por 8 horas a consulta. ;Quando chegou nossa vez o médico disse que ali era para fazer cirurgia de catarata e mandou que voltássemos para casa;, lembra Francinete.

Mãe e filho obedeceram à recomendação e passaram a esperam uma nova carta. Mas, na semana passada, foi ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e teve uma surpresa desagradável. ;Eles deram baixa no nome dele, como se tivesse feito a cirurgia. Voltamos para o fim da fila;, lamentou. Bem-humorada, ela não perde a esperança de ver o filho voltar a enxergar novamente. ;Ele é ótimo aluno, ama desenhar, mas a baixa visão atrapalha muito. Acredito que vamos conseguir.; Uma outra oportunidade também poderia ter ajudado David, mas a falta de condições financeiras não possibilitou que ele fizesse a cirurgia. Mãe e filho teriam que ir para Sorocaba (SP) em busca de tratamento. ;Não tinha dinheiro para pagar as passagens;, acrescenta Francinete.

Enquanto a reportagem estava na casa da auxiliar de serviços gerais, funcionários da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) bateram à porta. Eles queriam cortar a água da casa, onde ela mora com os quatro filhos por falta de pagamento. ;Este mês, vendi balinhas dentro do ônibus. Consegui R$ 141. Ia comprar mais para vender, mas tive que colocar comida dentro de casa. Tivemos um vazamento de água em casa e a conta já passa dos R$ 500. Não tenho como pagar;, afirma a mãe de David.

A pedido dos leitores, a reportagem entrou em contato com a mãe de David e pediu uma conta bancária para quem quiser ajudar. Seguem os dados:

Banco: Itaú
Conta corrente: 00912-8
Agência: 7987
Nome da titular: Francinete de Oliveira Santos
Telefone: 8535-6770