postado em 05/12/2014 08:56
O mato alto toma conta de calçadas, parques e praças do Distrito Federal. No dia a dia dos moradores, sobram queixas de falta de corte da grama e de acúmulo de lixo nas calçadas. Na ausência do Estado, moradores se mobilizam para deixar as quadras organizadas. Alguns gastam tempo e usam o próprio material para fazer a poda. Outros preferem tirar dinheiro do bolso e contratam jardineiros para fazer o trabalho em área pública.
A reportagem do Correio percorreu regiões do DF e encontrou o descaso. Na Asa Sul, algumas quadras estão tomadas pelo mato alto. A situação se repete no Sudoeste e no Lago Sul e preocupa moradores, com medo de animais e até de criminosos escondidos. ;Brasília virou um lixão, principalmente a W3. É uma vergonha a capital do país estar largada desse jeito, um absurdo. Estão esperando o ano que vem chegar para fazer alguma coisa;, queixou-se Clara Luz, 89 anos, moradora da 712 Sul. Ela conta que, na falta do serviço de poda do governo, os moradores se mobilizam. ;O meu vizinho cortou por conta própria, mas acho um desaforo. Pagamos IPTU e outros impostos e ainda temos que fazer o trabalho do governo;, reclamou.
No último mês, a procura pelo trabalho do jardineiro Ronilton Corrêa Rodrigues, 44, dobrou. Antes, ele cuidava das plantas e da grama no interior das casas no Lago Sul. Agora, também corta o mato de áreas públicas. ;Está tudo abandonado. As pessoas pagam por fora para ter um serviço que deveria ser feito pelo governo. Eu acho bom porque acaba entrando uma verba a mais, mas os donos das casas reclamam por pagarem impostos e ainda serem obrigados a depender de serviços privados;, relatou. Cada serviço do jardineiro custa R$ 200.
Ontem, ele cortava o mato alto em uma das calçadas do Lago Sul. No bairro nobre, é nítida a diferença entre os passeios cuidados pelos proprietários das residências próximas e os mantidos pelo governo. Depois de cada muro, há grama em tamanhos diferentes. ;Um contrato puxa o outro. Meu trabalho de hoje é porque o dono de uma casa me viu trabalhar ontem e contratou meus serviços;, completou o jardineiro. Segundo Ronilton, a maior parte da demanda pelo serviço aparece no Lago Sul e no Park Way.
A Novacap, por meio da assessoria de imprensa, informou que os serviços de manutenção de gramados e vegetação espontânea, de plantio e limpeza dos canteiros ornamentais e podas de árvores ficaram suspensos durante um mês devido à falta de verba orçamentária. O trabalho nas ruas do DF estava parado desde 2 de novembro, mas foi retomados na última terça-feira. O órgão acrescentou que o governador Agnelo Queiroz fez um convênio, permitindo o repasse de R$ 10 milhões entre a Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap) e a Novacap para cobrir as despesas com a manutenção das áreas verdes. E completou que, no máximo em um mês, todo o serviço estará em dia.