Ailim Cabral
postado em 08/12/2014 07:17
Depois do caos na cidade pela paralisação dos rodoviários, na semana passada, e da farra dos transportes piratas, que chegam a cobrar o dobro das passagens dos coletivos, o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciou para a manhã de hoje o pagamento de parte da dívida com os empresários. Mas, sem a garantia de que o dinheiro entrará nas contas antes da hora do almoço, os rodoviários de três empresas e de duas cooperativas do DF garantem que permanecerão de braços cruzados até que o salário deste mês e a primeira parcela do 13; sejam, de fato, pagos. A previsão é que a manhã de hoje comece sem transporte para os brasilienses.
O diretor do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), Jair Tedeschi, garantiu que o GDF conseguiu R$ 35 milhões para quitar parte da dívida com os empresários, que totaliza R$ 75 milhões, segundo ele. Tedeschi explicou que R$ 28 milhões serão depositados no começo do expediente bancário de hoje, e outros R$ 7 milhões na terça-feira. O valor, segundo o diretor, é para liquidar dívidas com passagens de estudantes e de pessoas com deficiência.
;Estávamos com três semanas atrasadas e, agora, vamos colocar em dia. É dinheiro do Tesouro do DF e conseguimos no sábado, mas não fizemos o pagamento porque só tem expediente bancário amanhã (hoje). Os outros R$ 40 milhões de dívidas são de passagens diárias e ainda não há prazo para serem pagos;, ressaltou o diretor. ;Insistimos com os rodoviários que eles terão o pagamento regularizado na segunda-feira (hoje). É importante que eles voltem a trabalhar logo cedo;, complementou Tedeschi.
Diretor do Sindicato dos Rodoviários, Diógenes Nery afirmou que a categoria permanecerá de braços cruzados até ter o dinheiro depositado. ;A gente já cansou de tanto esperar. Os trabalhadores ficarão de prontidão amanhã (hoje), mas só voltam a rodar com o salário na conta. É uma decisão da categoria. Chega o fim do ano e o trabalhador sem dinheiro no bolso. Assim, fica complicado;, reclamou.
Segundo o diretor, trabalhadores das empresas Piracicabana, Marechal e Urbi ainda não receberam o salário deste mês. Já os empregados das cooperativas MCS e Alternativa cruzaram os braços para reivindicar o pagamento da primeira parcela do 13; e do salário de dezembro. As empresas são responsáveis pela circulação em 17 regiões administrativas. A paralisação afeta cerca de 700 mil usuários do transporte.
Piratas
Enquanto não há acordo entre governo, empresários e trabalhadores, quem sofre é a população, que depende dos transportes piratas para sair e chegar em casa. Com a falta de ônibus, os veículos irregulares até param nas baias dos coletivos. O jardineiro e piscineiro Sivaldo Porto, 36 anos, tentou sair de casa no Paranoá, no sábado, mas não conseguiu transporte. Ontem, ele optou pelos piratas para resolver problemas pessoais. ;Isso está muito ruim. Gastei o dia todo para resolver uma questão que poderia levar três horas;, reclamou.
Maria de Jesus, 25 anos, também está insatisfeita com a falta de ônibus e sente-se insegura em ter de andar com os três filhos e o marido no transporte pirata. ;É um absurdo. Além de pagar impostos e passagem, temos que pagar mais caro no pirata.; Maria trabalha com serviços gerais e só consegue chegar ao trabalho porque a empresa fornece transporte aos funcionários.
Mais ameaças
O atraso em salários também pode fazer com que outras duas categorias cruzem os braços nesta semana. Servidores das áreas de saúde e de educação do DF reclamam da falta de pagamento, que deveria ter sido feito na sexta-feira passada. Hoje, às 10h, professores devem se reunir em frente ao Palácio do Buriti para pressionar o pagamento. O encontro dos servidores da saúde está marcado para terça-feira.
Apesar da apreensão dos profissionais, a Secretaria de Administração Pública garantiu, por meio de nota, que ;as operações para transferência dos recursos necessários para a efetivação do crédito referente à folha de pagamento das respectivas áreas somente foram finalizadas no início da noite de sexta-feira;. O documento, assinado pelo secretário da pasta, Wilmar Lacerda, garante que, até terça-feira, o pagamento estará disponível para os servidores.