postado em 09/12/2014 07:15
Vencimentos atrasados, falta de remédios e condições precárias de trabalho levaram a saúde do Distrito Federal ao limite. Sem o pagamento do mês de novembro, do 13; salário e das horas extras, os servidores da categoria estão em assembleia desde às 10h, com indicativo de greve geral. Segundo a Secretaria de Saúde, todos os centros de saúde estão com as atividades paralisadas nesta manhã de terça-feira (9/12). Os hospitais regionais também estão com o trabalho comprometido, pois muitos trabalhadores também cruzaram os braços. Pacientes já sofrem com a falta de atendimento até mesmo nas emergências.[SAIBAMAIS]Além disso, os trabalhadores da empresa responsável por fornecer as refeições a pacientes e acompanhantes nos hospitais anunciaram que cruzarão os braços por falta de remuneração. De acordo com a Secretaria de Administração Pública, o dinheiro dos funcionários da saúde foi transferido na última sexta-feira e deve entrar na conta hoje, com quatro dias de atraso. O impasse atinge 30 mil trabalhadores. ;Se não recebermos, não há dúvidas: a saúde do DF vai parar;, afirmou a presidente do Sindicato de Empregados em Saúde do DF, Marly Rodrigues. Caso o pagamento seja feito, a assembleia, ainda assim, será mantida. ;Precisamos discutir os outros problemas que o setor enfrenta, como condições laborais ruins, falta de remédios e equipamentos. Além disso, precisamos começar a pensar no salário do próximo mês;, acrescentou Rodrigues.
Os empregados da Sanoli Indústria e Comércio de Alimentação Ltda., encarregada das refeições de pacientes e acompanhantes nos centros públicos de saúde, também paralisarão as atividades hoje. Este é o terceiro mês em que o fornecimento de alimentos será suspenso devido a atrasos na folha de pagamento. O débito total chega aos R$ 23 milhões. A previsão é de que a dívida seja quitada nas próximas semanas.
;Um caos;
Com a mulher internada há dois meses no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), o mestre de obras Severino Pereira, 53 anos, teve que deixar a esposa sozinha para comprar comida. ;É vergonhosa essa situação. Além dos funcionários, todos os acompanhantes estão ficando sem alimentação. Não tivemos café da manhã nem almoço;, comentou. No mês passado, ele já tinha presenciado a suspensão das refeições. ;A preocupação é suspenderem para os pacientes também. A situação da saúde está um caos. Minha esposa está esperando a cirurgia há dois meses;, completa.
A falta de medicamentos na rede pública é outro problema. A vendedora autônoma Nádia Frazão, 33 anos, relata que, há uma semana, não consegue adquirir o remédio para diabetes da filha Dayana, 17, chamado insulina glargina. ;Ela pode tomar um substituto, mas precisa de muitas outras doses para compensar. A insulina glargina custa mais de R$ 90 e dura apenas uma semana, fica caro.; De acordo com a Secretaria de Saúde do DF, há um processo de aquisição emergencial aberto, e o medicamento deve ser reposto em até 30 dias.