Cidades

Conselho Federal de Medicina autoriza a prescrição de Canabidiol

A receita deve ser feita por neurologista e o uso é restrito a jovens de até 18 anos com crises epilépticas que não reagem a tratamentos convencionais

postado em 12/12/2014 06:30

Patrícia tem crises epilépticas, e a filha, Sabrina, convulsões: esperança de que o Canabidiol melhore a qualidade de vida
Na casa de Patrícia de Azevedo Filgueira, 34 anos, a relação de cuidados entre mãe e filha é mútua. Ela aprendeu a cuidar da menina, uma criança especial com retardo mental e epilepsia de difícil controle. Mas Sabrina Azevedo Filgueira, 8, também socorre a mãe. A dona de casa sofre com crises convulsivas. ;Tive que ensiná-la a agir quando eu estiver tendo algo. Percebo que a Sabrina tem medo, mas já me ajudou até a levantar quando caí da cama;, relatou Patrícia.

As duas esperam que o Canabidiol (CBD), uma das substâncias derivadas da maconha, permita terem qualidade de vida e voltarem às atividades normais. Sabrina saiu da escola. Patrícia nunca conseguiu permanecer em um emprego por conta das constantes crises. Quando a mãe buscou uma prescrição médica para importar a substância, esbarrou em burocracias e proibições.

Até ontem, qualquer médico que prescrevesse o CBD, fora do estado de São Paulo, poderia sofrer punições profissionais. No entanto, depois da publicação da Resolução n; 2.113/2014 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Patrícia e Sabrina retomam as esperanças, e os médicos, a segurança para receitar o CBD. O documento autoriza e regulamenta o uso compassivo do canabidiol para crianças e adolescentes, até os 18 anos, que sofrem com crises de epilepsias que não reagem a tratamentos convencionais.

Avaliada como um avanço histórico por pacientes, familiares e pesquisadores da área, a resolução, que deve ser revista em dois anos, detalha critérios para a utilização do CBD para fins terapêuticos no Brasil (veja As regras) e proíbe a prescrição da cannabis sativa para uso medicinal, bem como de quaisquer outros derivados. No entanto, determina condições. Além de limitar o uso por idade, a indicação terapêutica deve ocorrer no caso de uso compassivo, ou seja, quando não há resposta por parte dos outros remédios. Mas o CBD não deve substituir completamente outros medicamentos e, sim, ser usado de maneira associada.

A partir de agora, o único médico que tem permissão para receitar o CBD é o neurologista, ou um especialista em áreas de atuação correlatas, como neurocirurgia e psiquiatria. Profissionais que, na visão do CFM, têm experiência em tratar as convulsões. ;Não temos elementos científicos que possam indicar a aprovação da maconha para outros fins. Tudo isso é derivado de fundamentação científica e critérios de segurança e eficácia, além de um contexto como um todo das condições de drogadição;, afirmou o presidente do CFM , Carlos Vital Tavares.

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Veja a reportagem da TV Brasília:

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