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De pedra a vidraça: veja o perfil da nova presidente da Câmara Legislativa

Principal opositora de Agnelo Queiroz na Câmara Legislativa, a distrital Celina Leão não apenas integra a base aliada de Rodrigo Rollemberg. Ela também foi escolhida presidente da Casa com a bênção do novo chefe do Executivo

postado em 03/01/2015 07:30
Principal opositora de Agnelo Queiroz na Câmara Legislativa, a distrital Celina Leão não apenas integra a base aliada de Rodrigo Rollemberg. Ela também foi escolhida presidente da Casa com a bênção do novo chefe do Executivo

Um curto espaço de tempo mudou a condição da distrital Celina Leão (PDT). Mais ferrenha opositora da gestão Agnelo Queiroz (PT) até o fim do ano passado, ela começou 2015 não só como representante declarada da base aliada do novo governo, mas também como presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Função para a qual, aliás, foi escolhida com a bênção de Rodrigo Rollemberg (PSB), que articulou a ascensão da deputada egressa do grupo de Joaquim Roriz ao posto máximo do Legislativo local pelos próximos dois anos.

À frente da Mesa Diretora, Celina Leão terá como vice uma das filhas do ex-governador, Liliane Roriz, considerada herdeira política do clã. Obrigatoriamente próximas no comando da Casa, Celina e Lilian têm uma relação estritamente profissional. É da ex-deputada federal Jaqueline Roriz (PMN) que a presidente do Legislativo local sempre foi mais íntima. Mas a amizade entre as duas ficou estremecida desde a primeira eleição de Celina, em 2010.

Naquele ano, com 7.771 votos e filiada ao PMN, Celina foi escolhida distrital em dobradinha com Jaqueline. Candidata vencedora à Câmara dos Deputados, a filha de Roriz não apoiou Liliane, que conquistou uma cadeira na Câmara Legislativa. Preferiu a amiga e ex-chefe de gabinete na Câmara Legislativa (2007 a 2009) e que também tinha indicado para ocupar cargos comissionados na administração Joaquim Roriz ; foi secretária da Juventude entre 2005 e 2006. Depois da vitória, a família Roriz garante que Celina deu as costas ao grupo, tanto que, pouco depois, se desfiliou do PMN, partido dominado pelo clã.

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Goiânia-Brasília
Filha de um engenheiro civil com uma administradora de empresas, Celina Leão Hizim nasceu em Goiânia em 1977. A atividade do pai, Abrão Antônio Hizim, dono de uma empresa de engenharia, fez com que a família tivesse casa na capital goiana e em Brasília, cidades entre as quais a menina de cabelos loiros e olhos verdes passou infância e adolescência. Servidora pública do governo de Goiás, a mãe a levou a ter os primeiros contatos com a política. Maria Célia Leão foi secretária da Mulher do governo do goiano Henrique Santillo em meados dos anos 1980, além de ter sido presidente da ala feminina do PMDB de Goiás.

Dessa época, Celina se lembra de ter conhecido Ulysses Guimarães e de conviver com o agora governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, então presidente da juventude do PMDB. Mas uma outra paixão a afastaria dos interesses político-partidários: os cavalos. A partir dos 10 anos, a jovem começou a montar e formou com a irmã, Ludmila, dois anos mais velha, a primeira dupla de laço feminina do Brasil. Nessa época, rodou o país disputando provas.

Entre uma viagem e outra, fez curso de administração em uma universidade de Goiás e militou na política estudantil. Começou a gostar do assunto. Em 2000, mudou-se de vez para Brasília. A raiz peemedebista a levou a fazer campanha como panfleteira, em 2002, para Joaquim Roriz, que também tem origem no PMDB de Goiás. Acabou se aproximando da família e virou amiga de Jaqueline. Foi adotada politicamente. Encampou a oposição ao governo Agnelo e foi eleita para o segundo mandato com 12.670 votos, apenas a 22; maior votação geral (e a 18; entre os 24 distritais). Filiada inicialmente ao PMN, com a mudança para o PSD e transferência para o PDT, foi parar no grupo político que elegeu Rodrigo Rollemberg governador do DF.

Família
Casada com o engenheiro Fabrício Faleiros e mãe de dois filhos ; Pedro, 9 anos, e Bruna, 17 ;, Celina Leão é evangélica. Para onde quer que vá, procura estar cercada de familiares. A mãe é braço direito e principal conselheira. A proximidade com parentes, aliás, a levou a ter problemas quando era chefe de gabinete de Jaqueline Roriz na própria Câmara Legislativa. Empregou Maria Célia na Casa e, segundo denúncias, favorecia irmãos.

A paixão antiga pelos cavalos continua nos momentos de lazer. Mas esse não é o único esporte na vida da distrital. Celina Leão praticou capoeira durante sete anos, joga futevôlei desde que se mudou para Brasília e frequenta regularmente a academia. Escolhida pelos colegas como uma das musas da legislatura passada, procura manter-se em forma. Eleita presidente, espera continuar tendo tempo para malhar. Mas sabe que não será tão fácil assim. Ontem, em menos de uma hora de entrevista ao Correio, deixou de olhar o WhatsApp. ;Veja que loucura;, e mostrou o visor do celular com quase 500 mensagens de texto não lidas.

Entrevista

A senhora entrou para a política por meio da família Roriz. Ainda mantém esse vínculo?
Tenho uma relação de profundo respeito com a família Roriz. Tenho orgulho de todo o meu trabalho. Fui exemplar como secretária (da Juventude do governo Joaquim Roriz, em 2005) e chefe de gabinete (de Jaqueline Roriz, entre 2007 e 2009). Trabalhei muito.

Hoje se considera mais próxima de Roriz, Rollemberg ou do PDT?
Acho que fiz um esforço muito grande em quatro anos para mostrar quem é a deputada Celina Leão. Estou mais próxima do meu eleitor, que é crítico, independente e aponta rumos. Mas é claro que sou uma deputada do PDT.

Como foi o mais recente processo de eleição da Mesa Diretora?
Foi tenso. Havia um grupo que queria imprimir uma derrota ao governo e que poderia até macular toda uma gestão. Houve gestos estranhos, como a tentativa, dentro da residência oficial do ex-vice-governador (Tadeu Filippelli, do PMDB), de fazer uma chapa de oposição. Foi um gesto pesado.

A senhora reclamava de intransigência da então base aliada de Agnelo. Esse processo da sua eleição, no qual a oposição está fora da Mesa, não indica uma prática igual à do grupo anterior?
De forma alguma. A gente tinha cinco vagas e cinco grupos. Tinha duas vagas para a oposição, mas eles não queriam as vagas que foram oferecidas, que eram de 1; e 3; secretarias. Queriam mudar todo um acordo político. Nós tínhamos votos para fazer as cinco vagas na Mesa, fizemos vários gestos para que a oposição tivesse espaço na Mesa e eles não quiseram.

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