O Zoológico de Brasília e os seus habitantes sempre despertaram certo encantamento. Ao longo de sua história, coleciona estrelas. Recentemente, o elefante Chocolate despertou a compaixão dos brasilienses por causa de um ferimento. Em outros tempos, um triângulo amoroso entre três macacos, protagonizado por Capitu, transformou-se numa novela que o país inteiro acompanhou. A população também sempre esticou o pescoço para admirar Léo e Bia, o casal de girafas batizado com o título da música de Oswaldo Montenegro, por meio de uma votação popular. Um dos filhos deles, Zagalo, tornou-se objeto de disputa entre dois zoológicos: o de Brasília, o dono legítimo, e o do Rio, que recebeu o animal como empréstimo em 2006.
Na última terça-feira, o juiz Lizandro Garcia Gomes Filho, da 1; Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), concedeu liminar em favor do Distrito Federal na ação contra o Rio Zoo. Em outras palavras, o zoológico carioca terá de devolver Zagalo. A ação de rescisão contratual combinada com reintegração de posse de bem público com pedido de antecipação de tutela ; um nome jurídico pomposo ; é o desfecho de uma série de tentativas amigáveis e infrutíferas do Zoológico de Brasília de dissolver o contrato de empréstimo com o Rio.
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Nascido em Brasília, fruto do acasalamento entre Léo e Bia, Zagalo foi cedido em 2006 ao Rio Zoo, uma vez que Brasília já tinha quatro exemplares da espécie ; Léo, pai de Zagalo e de Ivelise, e Yaza, que veio de Belo Horizonte para aplacar a solidão de Léo quando Bia morreu, em 2003. Com a morte de Léo, em 2011, o recinto ficou totalmente ocupado por fêmeas. Por isso, o Zoo de Brasília quis Zagalo de volta. Foram feitas diversas tentativas de negociação, por meio de ofícios e notificações extrajudiciais ; todas sem sucesso. O que começou como uma gentil barganha se transformou em litígio no tribunal.
O Rio Zoo nega-se a entrar em acordo. Inicialmente, alegou já ter emprestado a girafa Raio de Sol, entregue a Brasília em 1981. O animal, no entanto, não está registrado no sistema de controle patrimonial da Fundação Jardim Zoológico, como refutaram os advogados na ação. Por meio de nota, o Rio Zoo explicou ao Correio que o motivo para não devolver o animal é a dificuldade no traslado, que seria demorado e cheio de cuidados, já que as girafas não podem se sentar nem dobrar o pescoço durante a viagem. ;Por causa da idade avançada, o exemplar corre o risco de morrer no caminho;, afirmou. No mesmo texto, informou não estar ciente da decisão judicial. De fato, o Rio Zoo ainda foi notificado, uma vez que a sentença não foi publicada. O próximo passo é a Justiça expedir a carta precatória para citá-los. O Rio Zoo terá, então, de se defender.
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