postado em 26/01/2015 06:29
Morreu na tarde de ontem, aos 80 anos, Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede Sarah de Hospitais ; um projeto que nasceu em Brasília e se transformou em referência mundial na medicina. O ortopedista, que ocupava o cargo de cirurgião-chefe da instituição, estava com a saúde fragilizada. A morte, por insuficiência respiratória, foi registrada às 14h30, segundo a diretoria.Campos da Paz teve um ;mal-estar respiratório agudo; enquanto trabalhava na unidade Centro da rede de reabilitação, na Asa Sul. A instituição informou que ;todas as medidas médicas cabíveis foram tomadas;. O velório ocorre a partir das 10h, no hall do teatro Sarah, na Asa Sul. Até o fechamento desta edição, não havia informações sobre sepultamento, previsto também para hoje, na capital federal.
Para políticos, pioneiros, profissionais da área médica e amigos, o Brasil não se despede apenas do criador da Rede Sarah, que transitava entre políticos para viabilizar no Congresso um eficiente projeto de gestão ao mesmo tempo em que lidava com as dores dos pacientes. O adeus é para um grande humanista.
[SAIBAMAIS];Alguém com domínio da técnica sem uma visão humanista torna-se uma pessoa perigosa;, disse, certa vez, em entrevista ao Correio. Lúcia Willadino Braga, diretora da Rede Sarah, que conviveu com dr. Camposda Paz por quase quatro décadas, reafirma: ;Ele marcou a história da saúde no Brasil, provou que dá para fazer medicina pública no país com qualidade, com humanismo. Tivemos uma relação de muita troca intelectual, apesar de termos personalidades muito diferentes. Negociávamos tudo;.
Amante dos livros, das artes, da história e da fotografia, dr. Campos adorava tocar trompete, velejar no Lago Paranoá e estar com os amigos. Foi muito próximo de grandes nomes da história de Brasília, como Oscar Niemeyer, Lucio Costa, Athos Bulcão e Darcy Ribeiro. Na área médica, tinha uma ideia fixa: reabilitar o ser humano, tratá-lo integralmente. Apostava no potencial do indivíduo para melhorar a sua qualidade de vida, mesmo diante de graves sequelas. Com fé nesse pensamento, foi mestre da competente equipe que conduziu Hebert Vianna ao palco e Joãosinho Trinta à avenida, só para citar alguns ilustres pacientes, uma minoria entre as milhares de pessoas tratadas diariamente nas unidades da Rede Sarah.
O ortopedista carioca chegou a Brasília ainda quando a cidade estava sendo construída. Fez parte do time de médicos pioneiros que ajudou a construir a rede de saúde local. Mais tarde, tornou-se um crítico do corporativismo e da falta de dedicação exclusiva dos profissionais do Sistema Único de Saúde, uma grande ideia, que, para ele, foi desvirtuada.
O Diário Oficial do Distrito Federal publica hoje decreto de luto oficial de três dias em honra à vida e à obra de Campos da Paz. Ele deixa a mulher, Elsita, três filhos e quatro netos. A notícia da morte provocou grande repercussão entre autoridades, pacientes e funcionários da Rede Sarah. Em nota, a presidente Dilma Rousseff (PT) considerou que o Brasil e a medicina são devedores da dedicação e da determinação do médico.