Cidades

Pesquisa mostra que o brasiliense está mais cuidadoso na hora de gastar

Freio no consumo reduz o número de famílias endividadas na capital federal. Comércio está preocupado com a queda das compras

Luiz Calcagno
postado em 30/01/2015 06:01

A gerente de loja de roupas Adriana Fernandes lamenta:

Em um cenário econômico com juros mais altos e inflação elevada, o estudante de direito Weslen Messias Rodrigues, 29 anos, tomou uma decisão: cortou o supérfluo e o lanche fora de casa, renegociou a dívida de R$ 1,5 mil, focou no pagamento das mensalidades do cartão de crédito e fugirá do cheque especial antes de pensar em novos gastos. ;Renegociei as dívidas e priorizo, em meus gastos, a faculdade;, conta. A postura do universitário reflete o comportamento da maioria dos brasilienses, segundo pesquisa divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio). O estudo mostra que o total de famílias endividadas na capital caiu de 612.512 para 599.096 ; a redução é de 2,12%.

[SAIBAMAIS]O comércio, no entanto, sente a mudança de comportamento com a redução das vendas. Gerente de uma loja de roupas de festas na Asa Sul, Adriana Fernandes afirma que clientes estão preferindo alugar a comprar vestidos. ;Vamos vender 25% menos do que o esperado. Os compradores têm sido cuidadosos na hora de fechar o negócio;, detalha. Encarregado de administrar um armarinho também na Asa Sul, Jucélio Antônio da Silva tenta inovar nos negócios para não perder receita. ;Os clientes assíduos sumiram. Está todo mundo mais preocupado com os gastos. Investimos em cursos e na venda de tecido para manter a receita;, explica.



De acordo com a pesquisa da Fecomércio, o cartão de crédito é o principal fator endividador, seguido por cheque especial, pré-datado e empréstimo consignado. O presidente da federação, Adelmir Santana, enxerga a postura dos consumidores como positiva, mas admite que é ruim para o comércio. ;Isso significa que as pessoas estão administrando melhor as dívidas e estão preocupadas com a elevação das taxas de juros e com a volta da inflação. Existe precaução, mas esses consumidores estão com o nome limpo, o que significa a possibilidade de usá-lo mais para a frente;, avalia.

O economista do Conselho Regional de Economia Júlio Miragaya confirma que o cenário econômico do país mudou o comportamento. Ele recomenda que o brasiliense faça uma reserva, caso não tenha, e pague as dívidas antes de contrair outras. ;As pessoas estão devendo menos, e o consumo se dá de forma responsável. A razão principal é o aumento de taxa de juros. Quando ela está elevada, é mais difícil pagar as dívidas. Não adianta, por exemplo, a concessionária vender mais carros, mas, depois, ter de resgatar uma parte dos veículos não pagos;, pondera.

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